Mundo

Hollande, Merkel e Putin tratarão plano de paz para Ucrânia

Negociações "construtivas" e "substanciais" entre Angela Merkel, François Hollande e Vladimir Putin possibilitaram acordo para preparação de plano de paz

Angela Merkel, Vladimir Putin (C), e François Hollande se reúnem para discutir a crise ucraniana (Maxim Zmeyev/Reuters)

Angela Merkel, Vladimir Putin (C), e François Hollande se reúnem para discutir a crise ucraniana (Maxim Zmeyev/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2015 às 22h39.

Negociações "construtivas" e "substanciais" entre Angela Merkel, François Hollande e Vladimir Putin possibilitaram, neste sábado (hora local), um acordo para a "preparação" de um plano de paz com as propostas franco-alemães e de Moscou e Kiev - informou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Depois de quase cinco horas de negociações no Kremlin, o porta-voz de Putin anunciou que o presidente francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel, deixaram o Kremlin e já retornavam para seus países.

"Levando-se em conta as proposições formuladas pelo presidente francês e pela chanceler alemã, o trabalho de preparação do texto de um possível plano comum sobre a aplicação dos acordos de Minsk [sobre o cessar-fogo na Ucrânia] está em curso", completou o porta-voz.

O documento incluirá "propostas feitas pelo presidente ucraniano [Petro Poroshenko] e as agregadas hoje pelo presidente [Vladimir] Putin", declarou Peskov, acrescentando que, por enquanto, "as negociações terminaram".

Um "balanço preliminar" do trabalho de preparação do documento sobre uma solução para o conflito no leste da Ucrânia "será feito no domingo por teleconferência, no formato denominado Normandia [Rússia, França, Alemanha e Ucrânia], no mais alto nível", detalhou Peskov.

As negociações entre Putin, Hollande e Merkel começaram nesta sexta à noite, em Moscou, na presença dos três e sem suas respectivas delegações, disse mais cedo à AFP um porta-voz da presidência russa.

Antes de chegar a Moscou, o presidente francês e a chanceler alemã se mostraram cautelosos sobre as chances de sucesso em convencer Putin a aceitar o plano. O conteúdo das propostas não chegou a ser divulgado.

A iniciativa de paz franco-alemã, apoiada por Washington, pela União Europeia (UE) e pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), é a última tentativa de acabar com um conflito que já deixou mais de 5.300 mortos e que provocou uma crise internacional.

A Otan "apoia completamente" a iniciativa de paz proposta por Merkel e Hollande, afirmou nesta sexta o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg.

"A situação é muito grave, é crítica", alegou Stoltenberg, ao chegar à Conferência de Segurança de Munique.

Antes de deixar Berlim, Merkel declarou que o objetivo seria "encontrar uma solução ucraniana para defender a paz europeia".

"Estamos empenhados em acabar com o derramamento de sangue e fazer reviver o Acordo de Minsk", o único acordo de paz assinado pelos ucranianos e pelos rebeldes pró-russos, declarou a chanceler.

"Nós não sabemos se vamos conseguir alcançar um cessar-fogo, se conseguiremos isso hoje, ou se vamos necessitar de discussões mais aprofundadas", considerou.

Possibilidade de cessar-fogo

"Todo mundo está ciente de que o primeiro passo deve ser o cessar-fogo, mas que isso não é o suficiente e que devemos buscar uma solução global", reforçou o presidente francês, com a mesma prudência de Merkel. "Nós não podemos antecipar os resultados", advertiu.

Na noite anterior, os dois líderes europeus apresentaram seu plano ao presidente Poroshenko. Após várias horas de negociações, o ucraniano mostrou otimismo, avaliando que a iniciativa franco-alemã "traz esperanças para um cessar-fogo".

De fato, a iniciativa franco-alemã é uma espécie de "contraproposta" de plano de paz, após Putin submeter há alguns dias ideias a Merkel e Hollande. Na quarta, estes últimos apresentaram o texto aos Estados Unidos e à Ucrânia, antes de prepararem seu próprio plano.

Essa "nova proposta de solução para o conflito" garante "a integridade territorial da Ucrânia", assegurou o chefe do Estado francês, que advertiu Moscou que o tempo está se esgotando e que "a opção da diplomacia não pode ser prorrogada indefinidamente".

De acordo com informações do jornal "Süddeutsche Zeitung" - já negadas por Berlim -, este plano prevê "a conclusão imediata de um cessar-fogo" em troca de "uma maior autonomia concedida aos separatistas sobre um território maior do que o considerado até agora".

Obama e a resposta sobre as armas

Em paralelo à iniciativa franco-alemã, os Estados Unidos continuam a analisar a possibilidade de fornecer armas para o Exército ucraniano, que acumula reveses nas regiões separatistas de Donetsk e Lugansk.

Em visita a Kiev na quinta-feira, o secretário de Estado americano, John Kerry, abalou as esperanças do governo ucraniano sobre o anúncio imediato da entrega de armas para a Ucrânia, dizendo que Washington privilegia "uma solução diplomática".

Barack Obama "vai avaliar todas as opções, incluindo a entrega de armas defensivas" e tomar uma decisão "em breve", acrescentou Kerry, uma posição que parece dar uma chance para o plano de paz europeu.

Acompanhe tudo sobre:Angela MerkelÁsiaEuropaFrançois HollandePersonalidadesPolíticosRússiaUcrâniaVladimir Putin

Mais de Mundo

Justiça da Bolívia retira Evo Morales da chefia do partido governista após quase 3 décadas

Aerolineas Argentinas fecha acordo com sindicatos após meses de conflito

Agricultores franceses jogam esterco em prédio em ação contra acordo com Mercosul

Em fórum com Trump, Milei defende nova aliança política, comercial e militar com EUA