O resultado de Le Pen foi o melhor conquistado em toda a história por seu grupo político (Francois Guillot/AFP)
Da Redação
Publicado em 23 de abril de 2012 às 11h43.
Paris - O candidato socialista François Hollande, vencedor do primeiro turno da eleição presidencial francesa e o atual presidente, Nicolas Sarkozy, dirigiram-se nesta segunda-feira diretamente aos eleitores da extrema-direita, que serão decisivos no segundo turno, após o resultado histórico de sua candidata.
Para o segundo turno, em 6 de maio, François Hollande começa "confiante" em uma posição favorável com 28,6% dos votos, segundo os resultados oficiais, enquanto Nicolas Sarkozy, mesmo com mais dificuldades (27,2% dos votos), não tem poupado palavras.
Nesta segunda-feira, as primeiras declarações dos dois candidatos foram direcionadas aos eleitores da candidata da Frente Nacional, Marine Le Pen, que chegou em terceiro lugar com 17,9%.
"Há eleitores que escolheram este voto por raiva. São estes que eu quero ouvir", disse Hollande, que deve viajar para a Bretanha (oeste) ainda hoje. "Temos de convencer os franceses que expressaram mensagens", acrescentou.
"Temos de respeitar o voto dos eleitores, nosso dever é ouvir. Existe este voto de crise que dobrou de uma eleição para outra, é para este voto de crise que devemos dar uma resposta", declarou Sarkozy, que deve ir a Tours (centro).
Considerado "preocupante" pela chanceler alemã Angela Merkel, o resultado de Marine Le Pen coloca os seus eleitores na posição de juízes, já que ela provavelmente não dará conselhos de voto.
Bem colocado, François Hollande tem mantido a sua estratégia de "união", depois de reunir apoio dos candidatos da Esquerda Radical Jean-Luc Mélenchon (11,1%) e Eva Green Joly (2,31%), que pediram para "combater Sarkozy".
Para o segundo turno, as pesquisas BVA e Ipsos apontam 53 a 54% das intenções de votos para Hollande, e seus companheiros insistem que "quatro em cada cinco franceses disseram 'não' para Nicolas Sarkozy".
Mas o candidato socialista continua a ser cautelosos sobre o resultado da eleição. "Estamos confiantes, mas são os franceses que escolhem o seu destino", disse, na esperança de dar à França o seu primeiro presidente de esquerda em 17 anos.
O PS quer recuperar o voto das classes populares, decepcionadas com a esquerda dos anos 1980, e parte da extrema-direita.
Para ter uma chance de ganhar, Nicolas Sarkozy, abatido pela impopularidade e pela crise, deve absolutamente recuperar a grande maioria dos eleitores da extrema-direita.
Para este efeito, o atual presidente pode ser tentado a intensificar o discurso de direita desenvolvido já no primeiro turno.
O ministro das Relações Exteriores, Alain Juppé, disse hoje que a palavra imigração não era um "palavrão". "O discurso de Nicolas Sarkozy sobre imigração consiste em dizer que a França não pode acomodar todos os imigrantes perfeitamente", declarou.
A líder da extrema-direita, Marine Le Pen, afirmou que realizaria uma reunião no dia 1 de maio para dar a sua posição. Mas seus principais conselheiros disseram que ela provavelmente não irá escolher ninguém.
O resultado de Le Pen foi o melhor conquistado em toda a história por seu grupo político.
A Frente Nacional quer capitalizar seu sucesso tendo como alvo as eleições legislativas de 10 e 17 de junho. "A batalha da França só começou" e "nada será como antes", ressaltou domingo à noite Marine Le Pen.
Em menor medida, os dois finalistas também cortejam os eleitores centristas de François Bayrou (9,13%), que também podem fazer a diferença.
Bayrou, que em 2007 não quis escolher entre a direita e a esquerda, disse que entraria em contato com o Sarkozy e Hollande e determinaria sua posição com base em suas respostas.
Mas alguns de seus partidários já afirmaram que votariam em Hollande.
Os candidatos organizam ao mesmo tempo, a reta final de sua campanha. Além dos comícios nas províncias, Sarkozy anunciou a realização de uma festa do trabalho, em 1 de maio, "para quem trabalha duro."
Ele também propôs "três debates" com o rival "sobre questões econômicas e sociais, da sociedade e internacionais". François Hollande, se recusou, dizendo que deseja apenas um debate, como é tradição na França.
Os dois homens devem falar separadamente na televisão durante esta semana.