François Hollande, presidente da França, mostra a chave de Argel: ele prometeu melhorar o tratamento dado aos argelinos que tentam obter vistos para viajar a França (Philippe Wojazer/AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de dezembro de 2012 às 07h56.
Argel - O presidente da França, François Hollande, reconheceu nesta quinta-feira em Argel que a colonização francesa provocou "sofrimentos" aos argelinos.
"Durante 132 anos, a Argélia esteve submetida a um sistema profundamente injusto e brutal", disse Hollande no segundo dia de visita ao país do norte da África, independente desde 1962.
"Este sistema tem um nome: a colonização. E eu reconheço aqui os sofrimentos que a colonização infligiu ao povo argelino", completou o presidente francês, muito aplaudido pelos parlamentares argelinos.
Entre os sofrimentos, Hollande citou matanças que "continuam ancoradas na consciência dos argelinos, mas também na dos franceses".
Uma das matanças aconteceu em 8 de maio de 1945 em Setif, concomitante à rendição da Alemanha nazista, que havia ocupado grande parte da Europa.
Em Setif, "em 8 de maio de 1945, no mesmo dia em que o mundo derrotava a barbárie, a França ignorava seus valores universais", disse Hollande.
"Devemos dizer a verdade sobre as condições em que a Argélia se livrou do sistema colonial, sobre esta guerra que durante muito tempo não foi chamada pelo nome na França: a guerra da Argélia".
"Respeitamos a memória, todas as memórias. Temos um dever de dizer a verdade sobre a violência, as injustiças, as matanças, a tortura", insistiu o presidente francês.
"A paz das memórias a que aspiro repousa no conhecimento e divulgação da história", completou.
Hollande prometeu ainda melhorar o tratamento dado aos argelinos que tentam obter vistos para viajar a França.
"Devemos controlar os fluxos migratórios, mas pedir um visto não deve virar uma corrida com obstáculos ou, pior ainda, uma humilhação", declarou.