François Hollande: "quanto mais cedo, melhor será, no interesse comum, da Europa, do Reino Unido, das nossas respectivas economias", disse presidente francês (Rafael Marchante / Reuters)
Da Redação
Publicado em 21 de julho de 2016 às 19h54.
A França se uniu à Alemanha para dar mais tempo ao Reino Unido até a notificação de sua saída da União Europeia (UE), embora Paris continue a defender que esse processo deva acontecer o mais rápido possível.
"Não pode ter discussão disso, de pré-negociação antes da negociação. Mas pode ter a preparação dessa negociação", admitiu o presidente François Hollande em uma entrevista coletiva comum em Paris, ao lado da nova primeira-ministra britânica, Theresa May.
"Mas, eu repito, quanto mais cedo, melhor será, no interesse comum, da Europa, do Reino Unido, das nossas respectivas economias", acrescentou.
Durante o dia, Hollande reivindicou que "as negociações andem rápido", em referência à saída do Reino Unido, parecendo se diferenciar da chanceler alemã, Angela Merkel, que mostrou uma posição mais flexível.
"É do interesse de todos que o Reino Unido peça essa saída quando tiver uma posição de negociação bem definida", alegou Angela Merkel, depois de um encontro com a premiê britânica.
Em sua primeira aparição comum diante da imprensa, François Hollande e Theresa May trocaram gentilezas. Como observou o presidente, em suas antigas funções de ministra do Interior, a premiê trabalhou muito bem com seus interlocutores franceses "em questões muito difíceis", como antiterrorismo e fluxo migratório.
Hoje, avaliou May, França e Reino Unidos tiveram discussões "tão construtivas quanto possível".
O presidente francês foi duro, porém, em relação a um futuro acesso do Reino Unido ao mercado único, afirmando que não poderá se beneficiar do bloco depois do Brexit, se não respeitar os princípios de livre-circulação de pessoas.
Circulação de bens e pessoas
"É o ponto mais crucial. (...) Isso será uma escolha para o Reino Unido: permanecer no mercado interno e assumir a livre-circulação, ou ter um outro status", afirmou.
"Não pode ter livre-circulação de bens, de capitais de serviços, se não houver a de pessoas", insistiu o presidente francês.
Sobre o tema, May disse que "a mensagem dada pelo povo britânico", votando no Brexit, foi "muito clara".
"Temos de incluir alguns controles à liberdade de circulação de cidadãos europeus para o Reino Unido", apontou.
"O governo britânico deve manter suas promessas e vai manter suas promessas sobre esse tema", garantiu.
Londres continua a traçar o calendário para ativar o artigo 50 dos tratados europeus sobre as modalidades de saída da UE. Depois que o pedido for apresentado, as negociações devem ser concluídas em um período máximo de dois anos. Com isso, vislumbra-se uma saída por volta de 2019.
Durante sua visita a Berlim na quarta-feira (20), Theresa May anunciou que o Reino Unido não pedirá para sair da UE "antes do fim do ano".
Depois da decisão britânica, Hollande, Merkel e o chefe do governo italiano, Matteo Renzi, convocaram em 27 de junho, na capital alemã, um "novo impulso" para a Europa. Uma outra reunião está prevista para acontecer em 22 de agosto na Itália.
Nesse contexto, o presidente francês tenta unificar as posições, com uma turnê pelos países do bloco. Esta semana, ele já foi a Portugal e à Irlanda. Hollande deve visitar outros países no início de setembro.
No topo da lista de prioridades da França está reforçar a cooperação europeia em segurança e defesa. No campo econômico, os esforços franceses se voltam, sobretudo, para uma "harmonização fiscal e social".