O líder do Partido da Liberdade, da Holanda, Geert Wilders: político prometeu "desislamizar" a Holanda (Dean Mouhtaropoulos/Getty Images)
Reuters
Publicado em 15 de março de 2017 às 09h05.
Amsterdã - A população da Holanda foi às urnas nesta quarta-feira em uma eleição vista como um teste do sentimento nacionalista, amplificado por um desentendimento com a Turquia nos últimos dias, na primeira de três votações neste ano na União Europeia nas quais partidos anti-imigrantes buscam avanços.
O partido de centro-direita VVD, do primeiro-ministro Mark Rutte, de 50 anos, disputa com o Partido da Liberdade (PVV) do incendiário líder anti-islã e anti-UE Geert Wilders, de 53 anos, para formar o maior partido no Parlamento.
Até 13 milhões de eleitores começaram a depositar seus votos nas seções eleitorais de todo o país, que serão fechadas às 21h (horário local).
"Vou votar em Wilders. Espero que ele consiga realizar uma mudança que torne a Holanda melhor", disse Wendy de Graaf ao deixar os filhos na escola em Haia. "Não concordo com tudo que ele diz... mas sinto que a imigração é um problema".
Wilders, que prometeu "desislamizar" a Holanda, não tem praticamente nenhuma chance de formar um governo, já que todas as maiores legendas descartaram trabalhar com ele, mas uma vitória do PVV enviaria ondas de choque por toda a Europa.
A eleição holandesa é a primeira medição do sentimento antissistema na UE e das possibilidades de sobrevivência do bloco depois da vitória surpreendente de Donald Trump nos Estados Unidos e do referendo de 2016 no Reino Unido que decidiu pela desfiliação britânica da UE.
A França escolhe seu próximo presidente neste ano e a líder de extrema-direita Marine Le Pen deve estar no segundo turno de maio, e em setembro o partido de direita eurocético Alternativa para a Alemanha, que atacou a política de portas abertas a refugiados da chanceler alemã, Angela Merkel, deve conquistar suas primeira cadeiras na câmara baixa do parlamento.
Na Holanda, as últimas pesquisas de opinião indicavam uma vantagem de três pontos percentuais para o partido de Rutte sobre o de Wilders, embora estas sondagens não tenham levado plenamente em conta uma ruptura nas relações diplomáticas com Ancara devida à proibição à entrada de ministros turcos que iriam discursar em comícios a compatriotas residentes em solo holandês.
O presidente turco, Tayyip Erdogan, acusou a Holanda de comportamento nazista.
Os primeiros indícios são de que a tensão pode ter ajudado os dois principais candidatos, mas não haverá um vencedor claro, já que até 15 partidos têm uma chance real de conquistar uma vaga no Parlamento e nenhum deve obter sequer 20 por cento do total de votos.