Rússia: as autoridades identificaram um carro com equipamentos eletrônicos próximo à seda da OPAQ (Gleb Garanich/Reuters)
AFP
Publicado em 4 de outubro de 2018 às 11h35.
Última atualização em 4 de outubro de 2018 às 12h03.
O serviço de inteligência da Holanda frustrou um ciberataque russo contra a Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ), que tem sede em Haia, e expulsou quatro agentes russos, anunciou nesta quinta-feira o ministro da Defesa, Ank Bijleveld.
Os agentes russos pararam um veículo repleto de equipamentos de eletrônicos no estacionamento de um hotel próximo à sede da OPAQ, com o objetivo de atacar o sistema de informática, de acordo com as autoridades holandesas.
"O governo holandês considera extremamente preocupante o envolvimento destes agentes de inteligência, afirmou o ministro holandês durante uma entrevista coletiva.
"Habitualmente, não divulgamos este tipo de operação de contraespionagem", completou.
A Holanda identificou os supostos agentes russos e afirmou que a operação era coordenada pelo Serviços de Inteligência Militar (GRU) da Rússia.
Os holandeses receberam ajuda do Reino Unido na investigação.
O ministro afirmou que um laptop pertencente a um dos agentes tinha conexões com Brasil, Suíça e Malásia. Em relação a este último país, o conteúdo era relacionado com a investigação do voo MH17 da companhia Malaysia Airlines, derrubado por um míssil em 2014 no leste da Ucrânia, explicou Bijleveld.
O comandante do serviço de inteligência holandês, o general Onno Eichelsheim, também presente na entrevista coletiva, afirmou que os quatro espiões desembarcaram no aeroporto Schiphol, em Amsterdã, no dia 4 de abril com passaportes diplomáticos russos.
"Tentavam executar uma operação de ciberataque à curta distância", explicou. No porta-malas do veículo estavam, em particular, equipamentos destinados a interceptar o wi-fi da OPAQ, assim como os códigos de acesso da organização. Uma antena também estava escondida no carro.
"Interceptamos o veículo e expulsamos os quatro homens. A operação foi realizada com sucesso", disse Eichelsheim.
O anúncio foi feito no mesmo dia em que Inglaterra e Austrália acusaram o GRU envolvimento nos principais ciberataques mundiais dos últimos anos.
Esta é a primeira vez que o GRU, e por consequência o Kremlin, é acusado especificamente por Londres, que já acusa Moscou pelo envenenamento do ex-agente russo Serguei Skripal e de sua filha Yulia em 4 de março em Salisbury (sudoeste da Inglaterra).