Silvio Berlusconi: político é amado ou odiado por seus compatriotas, sem meio-termo (Stefano Rellandini/Reuters)
Da Redação
Publicado em 27 de novembro de 2013 às 15h56.
Itália - Silvio Berlusconi dirigiu durante quase 10 anos seu país - uma história de sucesso à italiana, marcada por escândalos, entre a glória e a decadência.
Apelidado de "Il Caimano" (o jacaré, em italiano) em razão de sua capacidade de resistir a duros golpes, chamou primeiramente de "golpe de Estado" a votação dos senadores para sua exclusão do Parlamento, lugar que ele frequenta há cerca de 20 anos.
Filho de um bancário milanês, Silvio Berlusconi nasceu em 29 de setembro de 1936. Seu primeiro emprego foi como assistente em barcos de cruzeiro, onde, ajudado por sua figura imponente, logo rouba a cena cantando e contando histórias engraçadas.
Após ter se formado em direito, ele se joga no mundo dos negócios. Começa então a meteórica e obscura ascensão de Berlusconi, levantando suspeitas sobre a origem de sua fortuna - a maior da Itália durante mais de 10 anos.
Mas foi sobretudo na televisão que a criatividade deste grande comunicador foi colocada em evidência. Para agradar ao grande público, nos anos 1980 seus canais se popularizam ao colocar em suas grades, por exemplo, programas com mulheres seminuas.
A holding da família Berlusconi, Fininvest, conta com três canais de televisão, jornais, a editora Mondadori, mas detém também - a menina dos olhos deste apaixonado por futebol - o controle do time Milan AC, campeã italiana em 2011.
Em 1994, "Il Cavaliere" - ele foi o mais jovem cavaleiro da ordem do trabalho - se arrisca na política. Em algumas semanas, ele organiza o Força Itália e vence as eleições.
Abandonado por seus aliados, seu governo se afunda ao final de sete meses. Em 2001, ele volta ao poder, onde fica até abril de 2006, um recorde na Itália do pós-guerra.
Desgastado após estes cinco anos, ele foi derrotado por muito pouco nas eleições, mas dá a volta por cima dois anos depois, assumindo o controle do país pela terceira vez.
Em novembro de 2011, frente a uma grande desaprovação, Berlusconi teve que ceder o comando de uma Itália em grave crise financeira para o economista Mario Monti.
Mesmo assim, em meados de abril de 2013, ele ressurge na cena política italiana abocanhando um terço dos votos do Parlamento, um placar que compele a esquerda a aliar-se - de forma constrangida - a seu inimigo histórico.
No início de outubro Berlusconi é humilhado por parte de seus aliados. Seu ex-pupilo Angelino Alfano se recusa a derrubar o governo. O que acontece em seguida é uma ruptura entre os apoiadores do milionário que, aos 77 anos, está ainda mais enfraquecido por derrotas na justiça.
Em 1º de agosto deste ano, pela primeira vez, o Cavaliere foi condenado de forma definitiva: sua pena de quatro anos de prisão pelo caso Médiaset, três deles suprimidos por uma anistia, é confirmada pela mais alta instância judiciária italiana. Ele deverá cumprir esta pena em 2014, sob forma de trabalhos de interesse geral.
Assim como fez ao longo de todos os processos, Berlusconi se disse uma vítima dos juízes.
Apesar dos percalços, Berlusconi continua preocupado com sua aparência: cabelos pintados, pele eternamente bronzeada por uma grossa camada de maquiagem, inúmeras intervenções cirúrgicas.
Seu gosto assumido pelas mulheres bonitas, muitas delas garotas de programa, culminou com um processo de divórcio em meados de 2009. Recentemente ele foi condenado a sete anos de prisão - sentença da qual ele recorreu - por aliciamento de menores na prostituição e abuso de poder. Este escândalo foi estrelado pela jovem marroquina "Ruby", protagonista de festas conhecidas como "bunga-bunga".
Casado duas vezes, Berlusconi é pai de cinco filhos e avô inúmeras vezes. Noivo há dois anos de uma mulher de 28 anos, ele é amado ou odiado por seus compatriotas, sem meio-termo.
Hiperativo e insone, em 2006 este personagem fora do comum foi submetido a uma cirurgia nos Estados Unidos para a implantação de um marca-passo.