São Paulo – Não há mais dúvidas: a ex-secretária de Estado Hillary Clinton deve ser a indicada oficial do Partido Democrata para as eleições presidenciais dos Estados Unidos. Na noite desta segunda-feira, a CNN e Associated Press (AP) cravaram que ela tem em mãos o número necessário de delegados para garantir essa nomeação na convenção partidária.
Embora a vitória de Hillary já tenha sido declarada pelos maiores veículos de imprensa do país como o The Wall Street Journal, que conduzem as suas próprias pesquisas, a equipe da candidata optou por adotar um tom diplomático ao lembrar que ainda há seis primárias em andamento, incluindo a Califórnia, e que a disputa com o senador de Vermont Bernie Sanders ainda não chegou ao fim.
“Estamos prestes a viver um momento histórico e inédito, mas ainda temos trabalho a fazer, não temos?”, disse a ex-secretária de Estado em coletiva realizada na Califórnia e divulgada pela CNN. “Temos seis primárias e vamos lutar por cada voto". Sanders, por sua vez, rechaçou o clima de "já ganhou" e disse que lutará até o fim.
Informalmente, contudo, Hillary admite ter ultrapassado a marca dos 2.383 delegados necessários para assegurar a indicação. E isso significa que, pela primeira vez em 240 anos, os EUA terão uma mulher encabeçando a disputa pela liderança desse que é o país mais poderoso do planeta. As eleições finais acontecem em novembro.
Quem é Hillary Clinton?
Hillary Diane Rodham nasceu em 1947 numa família de classe média nos subúrbios de Chicago. Em 1965 se tornou aluna da Universidade de Wellesley, onde mudanças importantes na sua vida aconteceriam. Lá, abandonou os ideais republicanos trazidos como herança familiar para se tornar uma democrata.
Em 1969, entrou na prestigiada Faculdade de Direito da Universidade de Yale. Foi onde conheceu seu futuro marido Bill Clinton e adotou o nome de casada. Alguns anos depois, enquanto ele se preparava para se tornar governador do estado de Arkansas, ela atuou como advogada.
Desde então, nunca mais deixou os holofotes da vida pública.
Aos 68 anos, Hillary reina absoluta no posto de mulher mais admirada pelos americanos, segundo uma pesquisa anual conduzida pelo Instituto Gallup. Foi ativista política, primeira dama entre 1993 e 2001 e ocupou o cargo de secretária de Estado de Barack Obama.
Mas ela quer mais: sua ambição é ser a primeira mulher a pisar na Casa Branca como presidente do país mais poderoso do mundo. E tudo conspira a seu favor.
Como ela pensa?
Para Marcio Coimbra, coordenador de Relações Internacionais do Ibmec e diretor do Comitê de Política Acadêmica do Institute of World Politics (EUA), um governo Hillary adotaria uma postura mais intervencionista na economia que aquela vista no governo Clinton. Quer taxar mais os mais ricos, aumentar o salário mínimo e é a favor da reforma migratória para integrar imigrantes ilegais à economia.
Quanto ao relacionamento com o Congresso, ela poderá ter um perfil próximo de Obama, o que pode significar momentos de beligerância. Sua vantagem? Na opinião de Coimbra, quando se trata de negociações políticas, ela é mais habilidosa que o atual presidente.
Liberal, Hillary tem o discurso afiado quando o tema é liberdades civis e é firme em seu posicionamento de defesa dos direitos das mulheres. Ela é, por exemplo, favorável ao aborto, acredita na criação de cotas para a contratação de mulheres e minorias pelas empresas e apoia o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Constam ainda em sua lista de propostas o apoio a reformas do sistema prisional do país para diminuir a população carcerária do país e também a uma maior regulação no comércio de armas, dificultando, assim, o acesso de crianças e adolescentes a armas de fogo.
Corrida eleitoral
“Hillary venceu em todos os Estados mais importantes”, pontuou Coimbra, “e ninguém vai tirar dela a indicação do Partido Democrata”. Quando isso acontecer e considerando o empresário Donald Trump como candidato republicano e seu rival direto, o processo eleitoral promete ser mais fácil do que o imaginado.
“Trump irá polarizar essa eleição”, considerou o especialista, “e com isso, Hillary levará os votos dos sindicatos, das minorias e os votos centristas, já que dificilmente os republicanos moderados votarão em favor dele”, estimou.
Entre os latinos, por exemplo, Hillary parece ser a favorita. Uma pesquisa nacional recente conduzida pela Universidade Internacional da Flórida em parceria com a empresa Adsmovil com quase 10 mil latinos, mostrou que 8 em cada 10 votariam na ex-secretária de Estado.
Curiosamente, ela se saiu melhor entre os mais velhos que entre os jovens. Ainda de acordo com essa pesquisa, a preferência do grupo de pessoas com idades entre 25 e 44 anos seria de Trump (71,4%), enquanto Hillary dominaria entre aqueles com mais de 45 anos de idade (87%).
Há, contudo, um obstáculo maior que o jogo político de seus rivais a ser ultrapassado. Hillary precisa, também, contornar o escândalo que ficou conhecido como “e-mailgate”, quando ela teria usado um servidor privado para enviar e-mails enquanto secretária. O ato, dizem seus críticos, pode ter colocado em risco a segurança nacional.
A investigação segue seu rumo e é conduzida pelo FBI. Entretanto, o possível indiciamento poderia ser fatal para as aspirações de Hillary e do partido, explicou Coimbra. Além, é claro, de deixar os democratas na mão, forçando-os a improvisar uma solução para ter um nome na disputa pela presidência nas eleições de 2016.
*Matéria originalmente publicada no dia 29/04/2016 e atualizada em 07/06/2016 às 17h00 para inclusão de outras informações sobre a vitória de Hillary Clinton.
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1. Mulheres na política
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1/19 (Brendan McDermid/Reuters)
Este ano,
Hillary Clinton já chegou mais perto que nunca de tornar-se a primeira mulher a ser escolhida a candidata presidencial de um dos grandes partidos americanos e, potencialmente, a primeira mulher a ser presidente dos
Estados Unidos. Mas, antes de Hillary e de Carly, houve Victoria Claflin Woodhul. E Shirley Chisolm. E Sonia Johnson. Ao todo, 49 mulheres já buscaram ser escolhidas candidatas presidenciais de seus partidos e 35 mulheres já se candidataram à Presidência. Algumas delas, como Gracie Allen, do “Partido da Surpresa”, foram candidatas de faz-de-conta; algumas se candidataram para marcar posição política, como Linda Jenness, candidata pelo Partido Socialista dos Trabalhadores, e algumas realmente tiveram a intenção de concorrer ao cargo mais importante do país. Neste início do Mês da História das Mulheres, e no momento em que estamos no meio de uma disputa acalorada nas primárias presidenciais, o momento parece perfeito para refletir sobre as mulheres que antecederam e abriram o caminho para figuras políticas como Hillary Clinton e Carly Fiorina. Seguem a seguir, em ordem cronológica, 18 mulheres que tentaram romper a barreira de gênero mais alta de todas.
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2. Victoria Claflin Woodhul, Partido dos Direitos Iguais (1872)
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2/19 (Hulton Archive/Getty Images)
Victoria Claflin Woodhul possui a distinção de ser a primeira mulher a ter se candidato à Presidência dos Estados Unidos. Figura chave no movimento sufragista, Woodhul convidou o abolicionista Frederick Douglass para ser seu candidato a vice (mas não se sabe se ele chegou a aceitar o convite formalmente) pelo Partido dos Direitos Iguais. Sua candidatura não teve êxito, mas Woodhul continuou a ser uma figura chave do movimento sufragista. Além disso, foi uma das primeiras mulheres a ser corretora de ações em Wall Street, tendo em 1870 aberto sua firma própria de corretagem de ações, Woodhull, Claflin & Company.
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3. Belva Ann Lockwood, Partido dos Direitos Iguais (1884)
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3/19 (cliff1066™/Flickr)
Belva Ann Lockwood foi a primeira mulher a fazer uma campanha presidencial completa nos Estados Unidos, candidatando-se pelo Partido Nacional dos Direitos Iguais, em 1884. Ela foi também uma das primeiras mulheres na América a ser advogada e praticar a profissão.
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4. Margaret Chase Smith, Partido Republicano (1964)
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4/19 (FPG/Getty Images)
Em 1964 Margaret Chase Smith tornou-se a primeira mulher a disputar a nomeação à candidatura presencial na convenção de um dos grandes partidos políticos. Ela também foi a primeira mulher eleita para a Câmara dos Deputados e também para o Senado.
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5. Bella Abzug, Partido Democrata (1972)
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5/19 (Ron Galella/Getty Images)
Deputada e ativista feminista e dos direitos civis, Abzug disputou a indicação presidencial pelo Partido Democrata em 1972.
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6. Patsy Takemoto Mink, Partido Democrata (1972)
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6/19 (Irideae/Flickr)
1972 foi um ano de grande destaque para as mulheres na corrida presidencial: várias mulheres se candidataram à nomeação por seus partidos. A deputada Patsy Mink foi a primeiro asiático-americana a ser pré-candidata por um grande partido político, tendo disputado a indicação pelo Partido Democrata.
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7. Shirley Chisolm, Partido Democrata (1972)
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7/19 (New York Daily News Archive/Getty Images)
Em 1972 a ativista Shirley Chisholm tornou-se a primeira pré-candidata presidencial negra por um dos grandes partidos e a primeira mulher a disputar a nomeação à candidatura presidencial pelo Partido Democrata.
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8. Linda Osteen Jenness, Partido Socialista dos Trabalhadores (1972)
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8/19 (Phil Slattery/Getty Images)
Em 1972 Linda Jenness concorreu com Richard Nixon na eleição geral em 25 Estados, pelo Partido Socialista dos Trabalhadores. Oficialmente, segundo a Constituição, Jenness era jovem demais para candidatar-se à Presidência, tendo apenas 31 anos. Sua candidatura presidencial foi apresentada principalmente como declaração de contestação do governo Nixon.
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9. Sonia Johnson, Partido Paz e Liberdade (1984)
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9/19 (Glen Martin/Getty Images)
Sonia Johnson era uma ex-mórmon que rompeu com a igreja quando ela se opôs publicamente à Emenda dos Direitos Iguais. Em 1984 ela se candidatou a presidente pelo Partido de Paz e Liberdade dos Cidadãos dos Estados Unidos.
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10. Patricia Scott Schroeder, Partido Democrata (1987)
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10/19 (Alex Wong/Getty Images)
Schroeder tornou-se a primeira deputada mulher do Colorado, em 1972. Em 1987, disputou a nomeação à candidatura presidencial pelo Partido Democrata, mas a perdeu para Michael Dukakis.
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11. Lenora Fulani, Partido da Nova Aliança Americana (1988, 1992)
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11/19 (New York Daily News Archive/Getty Images)
Fulani disputou a Presidência em 1988 e 1992 pelo Partido da Nova Aliança Americana.
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12. Elizabeth Dole, Partido Republicano (2000)
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12/19 (Richard Ellis/Getty Images)
O marido de Elizabeth Dole se candidatou à Presidência em 1996, sem sucesso, e em 2000 ela própria disputou a candidatura presidencial pelo Partido Republicano, tendo levantado mais de US$5 milhões para sua campanha. Mas ela encerrou sua campanha antes da primeira primária.
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13. Carol Moseley Braun, Partido Democrata (2004)
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13/19 (Scott Olson/Getty Images)
Braun disputou a candidatura presidencial pelo Partido Democrata em 2003, mas encerrou sua campanha em janeiro do ano seguinte por falta de financiamento.
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14. Cynthia McKinney, Partido Verde (2008)
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14/19 (Mario Tama/Getty Images)
Cynthia McKinney conquistou em 2008 a candidatura presidencial pelo Partido Verde, um partido político ambientalista. Ela foi deputada pela Geórgia por seis mandatos.
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15. Michelle Bachman, Partido Republicano (2012)
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15/19 (Richard Ellis/Getty Images)
Michelle Bachman fez campanha em 2012 para ser escolhida a candidata presidencial pelo Partido Republicano.
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16. Roseanne Barr, Partido Paz e Liberdade (2012)
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16/19 (Randy Holmes via Getty Images)
Em 2012 Roseanne Barr se candidatou à Presidência pelo Partido Paz e Liberdade. Ela anunciou seus planos inicialmente no The Tonight Show em 2011, dizendo como brincadeira que estava se candidatando pelo “Partido Chá Verde”. Mais tarde, foi nomeada candidata pelo Partido Paz e Liberdade.
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17. Jill Stein, Partido Verde (2012, 2016)
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17/19 (PAUL J. RICHARDS via Getty Images)
Jill Stein conquistou a candidatura presidencial pelo Partido Verde em 2012 e é a candidata do partido também em 2016.
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18. Carly Fiorina, Partido Republicano (2016)
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18/19 (Bloomberg via Getty Images)
Na corrida presidencial atual, Carly Fiorina, ex-presidente e executiva-chefe da Hewlett-Packard, disputou a indicação presidencial pelo Partido Republicano.
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19. Hillary Clinton, Partido Democrata (2008, 2016)
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19/19 (REUTERS/Mike Segar/Files)
A ex-secretária de Estado Hillary Clinton foi pré-candidata presidencial democrata em 2008 e hoje disputa novamente a candidatura presidencial pelo Partido Democrata, concorrendo com o senador democrata Bernie Sanders, do Vermont.