Hillary Clinton: "Sou uma progressista que alcança resultados e serei um presidente progressista que alcance resultados" (Trevor Collens/AFP)
Da Redação
Publicado em 4 de fevereiro de 2016 às 08h26.
Washington - A pré-candidata à indicação do Partido Democrata para as eleições presidenciais dos Estados Unidos, Hillary Clinton, saiu nesta quarta-feira em defesa de suas credenciais "progressistas" diante das críticas de seu principal rival, o senador socialista Bernie Sanders.
Em um encontro televisionado com eleitores em Derry, no estado de New Hampshire, a ex-secretária de Estado respondeu Sanders, que minutos antes, nesse mesmo evento, tinha voltado a criticá-la por não ter demonstrado fortes convicções progressistas ao longo de sua trajetória política.
"Sou uma progressista que gosta que as coisas sejam feitas. Não vou deixar que isso me incomode. Isso não ajuda ao senador (Sanders), fazer esse tipo de comparações. Não acho que seja apropriado", respondeu Hillary ao ser perguntada sobre as acusações de seu rival na corrida democrata.
Pouco antes, Sanders tinha criticado a ex-primeira-dama dos EUA ao assegurar que não se pode "ser um moderado num dia e um progressista no outro", e lembrou algumas palavras de Hillary em um discurso em Ohio, no qual ela definiu a si mesma como "moderada", e fez um repasse de suas posições em várias questões-chave para os democratas.
"Há alguns temas nos quais acho que (Hillary) não é progressista. Não conheço nenhum progressista que tenha um SuperPAC (grupo de ação política) por trás e pegue milhões de dólares de Wall Street", disse Sanders, para lembrar depois que quando ela era senadora por Nova York votou a favor da Guerra do Iraque.
O senador por Vermont, que se autoproclama um socialista e que votou contra a intervenção no Iraque, também mencionou as mudanças de posicionamento da ex-secretária de Estado ao longo da campanha em questões como o Tratado de Associação Transpacífico (TPP) e o polêmico projeto do oleoduto Keystone XL.
Sanders contrapôs a indecisão de Hillary nessas questões ao afirmar que sua posição sempre foi contrária, "desde o princípio".
"Estamos enfrentando a organização política mais poderosa do país, a organização Clinton", reiterou o senador, que agradeceu seu bom resultado no caucus de Iowa e seu crescimento nas pesquisas em nível nacional, já que começou a corrida pela indicação 50 pontos atrás da ex-primeira-dama.
Hillary aproveitou sua intervenção posterior para se defender das acusações de Sanders e para justificar suas posições mais pragmáticas contra o "idealismo irrealizável" de seu rival socialista.
"Acho que o progresso que alcançamos deve ser defendido. Os republicanos querem desmantelá-lo. Sou uma progressista que alcança resultados e serei um presidente progressista que alcance resultados", declarou a ex-primeira-dama.
Hillary admitiu que foi um "erro" votar a favor da Guerra do Iraque em seu período como senadora, algo do qual "realmente" lamenta e tentou desvincular sua figura das corporações de Wall Street ao assegurar que os poderes financeiros estão gastando "muito dinheiro" para derrubar sua candidatura.
"Acredito que o senador Sanders foca em um alvo muito pequeno com os grandes bancos. Eu quero perseguir as outras grandes corporações, como as farmacêuticas e as seguradoras", afirmou a ex-secretária de Estado.
O momento curioso da noite aconteceu quando um dos presentes ao evento perguntou a Sanders se, caso for eleito, terá forças para um segundo mandato, pois terminaria sua presidência com 83 anos, e o senador garantiu que sim, que "graças a Deus" goza de boa saúde aos seus 74 anos.
O encontro com eleitores de hoje aconteceu no meio do caminho entre o caucus de Iowa, que aconteceu na última segunda-feira e foi vencido por Hillary por uma margem muito estreita, e as primárias da próxima terça-feira em New Hampshire, onde Sanders parte como favorito segundo as pesquisas.