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Hezbollah lança mísseis contra base militar israelense após reivindicar ataque de drones

Mais de 60 pessoas morreram em ação com drones contra base em Haifa, maior cidade do norte de Israel; autoridades investigam porque interceptação falhou

Ambulância militar em Haifa atende feridos durante ataque de drone contra base militar israelense na cidade, reivindicado pelo Hezbollah (AFP/AFP)

Ambulância militar em Haifa atende feridos durante ataque de drone contra base militar israelense na cidade, reivindicado pelo Hezbollah (AFP/AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 13 de outubro de 2024 às 20h32.

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O movimento xiita libanês Hezbollah anunciou, neste domingo, ter lançado mísseis contra uma base militar israelense no sul de Haifa, terceira maior cidade de Israel localizada no norte do país, mais perto da fronteira com o sul do Líbano. Sirenes soaram na região após os disparos, e as Forças Armadas israelenses disseram ter interceptado cinco projéteis disparados do Líbano.

A ação ocorreu poucas horas depois de o grupo ter reivindicado a autoria de um ataque com drones mais cedo, também contra uma base militar em Haifa, que deixou quatro soldados mortos e mais de 60 pessoas feridas. As autoridades investigam por que o ataque não foi interceptado e tampouco as sirenes foram acionadas na área atingida pelo drone.

Ambos os ataques foram dedicados ao ex-líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, morto no mês passado em um ataque israelense no subúrbio de Beirute. Em um comunicado, a milícia libanesa que as ações foram uma “resposta aos ataques sionistas”.

Após as ações, o Hezbollah ameaçou Israel com mais ataques caso o país continue sua ofensiva no Líbano. Em nota, o grupo “promete ao inimigo que o que eles testemunharam hoje no sul de Haifa não é nada comparado ao que os espera se eles continuarem sua agressão contra nosso nobre e amado povo”.

Ofensiva terrestre no Líbano

Também neste domingo, o Hezbollah disse que seus combatentes estavam lutando “com armas automáticas” e “foguetes” contra soldados israelenses em pelo menos quatro vilarejos no sul do Líbano, que fazem fronteira com Israel. O movimento também disse ter emboscado soldados israelenses que tentaram se infiltrar no país e divulgou um áudio de Nasrallah incitando seus combatentes a continuar lutando.

O Exército israelense, por sua vez, relatou batalhas “corpo a corpo” com o Hezbollah e anunciou a captura de um combatente do grupo libanês, a primeira desde que lançou uma ofensiva terrestre no Líbano, em 30 de setembro.

Em setembro, depois de enfraquecer o Hamas em Gaza, Israel voltou a maior parte de suas operações para o Líbano, onde trocava disparos quase diários com o Hezbollah em paralelo à ofensiva no território palestino. Segundo o governo israelense, a mudança de foco tem como objetivo permitir o retorno de cerca de 60 mil israelenses que foram deslocados das regiões fronteiriças em razão da guerra de atrito travada contra a milícia xiita, financiada pelo Irã.

Por outro lado, 700 mil libaneses foram forçados a se deslocar desde que Israel escalou o conflito contra o Hezbollah no Líbano, em 23 de setembro. Segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais, mais de 1.300 pessoas morreram no Líbano nesse período, número superior ao de vítimas durante a última guerra que aconteceu entre os dois, em 2006, que durou um mês.

Neste domingo, o Ministério da Saúde libanês anunciou que 51 pessoas morreram e 174 ficaram feridas em ataques israelenses ao país no sábado. Entre as mortes, 16 ocorreram em Maaysara, cidade xiita localizada em uma região montanhosa, de maioria cristã, ao norte de Beirute.

Embate entre Israel e ONU

O dia também foi marcado por mais uma capítulo do embate entre o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que no mês passado foi declado persona non grata pelo Estado judeu e impedido de entrar no país.

Netanyahu pediu que Guterres retirasse as tropas da força de paz da ONU no Líbano (Unifil), instaladas há mais de 40 anos pelo Conselho de Segurança, após uma sequência de ataques na última semana deixar cinco soldados internacionais feridos.

— Sr. Secretário Geral, tire as forças da Unifil do caminho do perigo. Isso deve ser feito agora mesmo, imediatamente — disse Netanyahu em uma declaração em vídeo divulgada por seu Gabinete. — Sua recusa em evacuar os soldados da Unifil os torna reféns do Hezbollah. Isso coloca em risco tanto eles quanto a vida de nossos soldados. Lamentamos os danos causados aos soldados da Unifil e estamos fazendo todo o possível para evitar tais danos. Mas a maneira mais simples e óbvia de garantir isso é simplesmente retirá-los da zona de perigo.

A missão, liderada atualmente pela Espanha, conta com mais 9,5 mil militares de cerca de 40 países, e possui 29 postos espalhados pelo sul do Líbano. No sábado, a Unifil reiterou que não deixaria suas posições.

— Houve uma decisão unânime de permanecer, porque é importante que a bandeira da ONU ainda esteja hasteada nessa região e que seja possível se reportar ao Conselho de Segurança — disse o porta-voz da Unifil, Andrea Tenenti, à AFP em uma entrevista no sábado.

Em resposta, o porta-voz de Guterres, Stephane Dujarric, denunciou que os ataques que feriram membros da Unifil, conhecidos como capacetes azuis, poderiam se enquadrar como crime de guerra:

— Os ataques contra as forças de paz violam a lei internacional... Podem constituir um crime de guerra.

Neste domingo, a Unifil exigiu explicações sobre a invasão a um desses postos. De acordo com a missão, dois tanques israelenses "destruíram o portão principal" e "entraram à força" em uma de suas posições e permaneceram lá "por cerca de 45 minutos". Os disparos israelenses ainda teriam gerado uma "fumaça" que causou "irritações na pele e reações gastrointestinais em 15 capacetes azuis".

Repercussão internacional

O Papa Francisco pediu neste domingo para que haja "respeito" aos capacetes azuis da Organização das Nações Unidas (ONU) no Líbano.

— Sinto-me próximo de todos os povos envolvidos (no conflito do Oriente Médio), Palestina, Israel, Líbano, onde peço que os soldados de manutenção da paz da ONU sejam respeitados — declarou o pontífice argentino no Vaticano.

Por outro lado, o presidente francês, Emmanuel Macron, conversou neste domingo com o presidente do Irã, Masud Pezeshkian, e pediu para que ele apoie “uma desescalada geral” na Faixa de Gaza e no Líbano.

O país persa é o principal financiador de milícias anti-Israel no Oriente Médio, como Hamas e Hezbollah, e se envolveu diretamente no conflito pela primeira vez disparando mísseis contra o território israelense este ano: primeiro em abril, em retaliação a um ataque israelense contra uma missão diplomática iraniana na Síria, e depois no início de outubro, em resposta ao assassinato do líder do Hezbollah, muito próximo de Teerã.

Em conversa telefônica com Pezeshkian, Macron ressaltou que o Irã tem “a responsabilidade de apoiar uma desescalada geral e usar sua influência perante atores desestabilizadores que recebem o seu apoio”, informou a Presidência francesa.

Já o gabinete presidencial iraniano divulgou que os dois líderes discutiram como garantir “um cessar-fogo entre o Hezbollah e Israel”. Pezeshkian — eleito este ano e considerado um moderado em relação ao regime linha-dura do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país — pediu ao presidente francês que “colabore com outros países europeus para forçar o regime sionista a pôr fim ao genocídio e aos crimes cometidos na Faixa de Gaza e no Líbano”.

Ataque em Gaza

Também neste domingo, a Defesa Civil da Faixa de Gaza informou que 15 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em um bombardeio israelense contra uma escola que era usada como abrigo para palestinos deslocados em Nuseirat, centro do território. O Exército de Israel não respondeu imediatamente sobre o caso e disse que analisa as informações.

— O balanço inicial é de 15 mártires, incluindo crianças, mulheres e famílias inteiras, e 50 feridos — declarou Mahmud Basal, porta-voz da Defesa Civil.

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