EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 12 de janeiro de 2011 às 18h24.
Beirute - Ministros do Hezbollah e seus aliados libaneses renunciaram na quarta-feira, derrubando o governo do primeiro-ministro Saad al-Hariri antes dos indiciamentos previstos contra o grupo xiita pela morte do pai de Hariri.
Políticos libaneses haviam dito na terça-feira que a Arábia Saudita e a Síria não tinham conseguido fechar um acordo para conter as tensões por causa do tribunal apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que deverá emitir em breve as acusações formais pelo assassinato de Rafik al-Hariri, em 2005.
Os ministros renunciaram enquanto Saad al-Hariri se encontrava com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em Washington.
O grupo militante xiita Hezbollah nega ter participado do assassinado. O líder do grupo, Sayyed Hassan Nasrallah, disse que o tribunal era um "projeto de Israel" e pediu que Hariri desistisse dele. O premiê sunita resistiu à exigência do Hezbollah.
"Abrindo o caminho para a formação de um novo governo...os ministros apresentam sua renúncia, esperando que o presidente tome os passos necessários rapidamente para a formação do novo governo", disse Gebran Bassil, ministro de governo cristão, falando pelo Hezbollah e seus aliados.
O impasse por causa do tribunal prejudicou o governo de "união" de Hariri, que durou 14 meses. Os ministros se reuniram, rapidamente, apenas uma vez nos últimos dois meses e o governo não conseguiu a aprovação do orçamento de 2010 no Parlamento.
Uma autoridade norte-americana disse que a secretária de Estado, Hillary Clinton, conversou com autoridades do Egito, da Arábia Saudita e da França em busca de apoio internacional para o tribunal.
"Ela já conversou com os egípcios, os sauditas, os franceses e outros sobre ter um consenso internacional de apoio ao Líbano e ao tribunal", disse uma autoridade do governo dos Estados Unidos a jornalistas a bordo do avião de Hillary, enquanto a aeronave pousava no Catar.
A autoridade disse que Hillary planejava suscitar a questão do Líbano "urgentemente" com líderes do Golfo que se reuniriam ali.
Em Washington, Obama manifestou apoio a Hariri e ao tribunal. Os dois líderes concordaram que todas as partes devem "evitar ameaças ou ações" que possam eventualmente causar mais instabilidade.
A tensão provocada pelo tribunal exacerbou as diferenças existentes entre Hariri, apoiado pelas potências do Ocidente e pela Arábia Saudita, e o Hezbollah, apoiado pelo Irã e pela Síria.
Analistas afirmam que as renúncias podem favorecer a agitação política no Líbano, que passou por uma série de crises desde o assassinato de Rafik al-Hariri, incluindo mortes e confrontos de rua em Beirute em 2008.