Fuzileiros navais russos caminham no topo do submarino nuclear russo Kazan, parte do destacamento naval russo em visita a Cuba, no porto de Havana em 14 de junho de 2024. A implantação incomum dos militares russos tão perto dos Estados Unidos — particularmente o poderoso submarino — ocorre em meio a grandes tensões sobre a guerra na Ucrânia, onde o governo apoiado pelo Ocidente está lutando contra uma invasão russa.
Agência de notícias
Publicado em 15 de junho de 2024 às 11h37.
Última atualização em 15 de junho de 2024 às 11h40.
O USS Helena, da classe Los Angeles, chegou a Cuba nesta quinta-feira para fazer frente aos quatro navios de guerra russos, incluindo um submarino também movido a energia nuclear, que atracaram em Havana para uma visita considerada incomum. A embarcação nuclear de quase 110 metros de comprimento está próxima do submarino russo Kazan, uma das armas mais novas da marinha russa, comissionada em 2021.
A embarcação do Kremlin mede mais de 140 metros de comprimento e pode viajar a quase 37 quilômetros, velocidade semelhante à do submarino americano. Ambos operam missões de ataque, reconhecimento, vigilância e apoio de forças especiais por longos períodos de tempo, já que não precisa reabastecer com frequência.
O USS Helena (SSN-725) foi nomeado em homenagem à cidade de Helena, no estado norte-americano de Montana, e foi lançado ao mar em 1986. A embarcação é equipada com tecnologia stealth para minimizar sua detecção por radar, sonar e outros meios de localização no fundo do mar.
O submarino nuclear americano tem capacidade de transportar uma variedade de armamentos, incluindo torpedos, mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos, podendo atingir alvos terrestres e marítimos a longas distâncias. Embora o número exato possa variar ao longo do tempo devido a diferentes missões e configurações, os submarinos da classe Los Angeles geralmente têm uma tripulação de cerca de 130 a 140 marinheiros.
Tanto Havana quanto Washington afirmam que a iniciativa não representa uma ameaça, embora tenha sido amplamente interpretada por analistas como uma tentativa de Moscou de demonstrar força à medida que aumentam as tensões devido ao apoio militar do Ocidente à Ucrânia na guerra com a Rússia.
"O submarino de ataque rápido 'USS Helena' está na Baía de Guantánamo, Cuba, como parte de uma visita de rotina ao porto", disse o Comando Sul dos EUA em uma mensagem nas mídias sociais, referindo-se à base naval americana na ilha. "A localização e o trânsito da embarcação foram pré-planejados.
O submarino russo de propulsão nuclear Kazan, que Cuba diz não estar transportando armas nucleares, chegou a Havana na quarta-feira, acompanhado da fragata Almirante Gorshkov, bem como por um navio petroleiro e um rebocador de salvamento, depois de realizarem exercícios no Atlântico.
"Isso é uma prática normal para todos os Estados, incluindo uma grande potência marítima como a Rússia. Então, não vemos razão para preocupação neste caso", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres quando questionado sobre o suposto nervosismo americano por receio de transferência de armas russas a Cuba ou até mesmo a instalação de uma base militar na ilha.
Esta não é a primeira vez que a Rússia envia seus navios de guerra ao Caribe. No entanto, a visita desta semana ocorre após Putin criticar a entrega de armas de longo alcance pelo Ocidente à Ucrânia, e argumentar que a Rússia poderia fornecer armas semelhantes a outros países para atacar alvos ocidentais em resposta.
A visita também é realizada um mês após o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, desejar sucesso a Moscou na guerra contra a Ucrânia. Na ocasião, Díaz-Canel condenou a “manipulação geopolítica” dos Estados Unidos e a “ameaça da Otan de se aproximar das fronteiras” russas.
As Forças Armadas dos EUA dizem que monitoram de perto a presença dos navios russos, mas que eles não representam uma ameaça direta.