Donald Trump: presidente norte-americano diz não ver "nada de errado" em suas ligações com o líder ucraniano (Yuri Gripas/Reuters)
Da Redação
Publicado em 31 de outubro de 2019 às 06h07.
Última atualização em 31 de outubro de 2019 às 09h43.
São Paulo — No mesmo dia em que os norte-americanos celebram o Halloween, o Congresso dos Estados Unidos votará pela continuidade de um processo assustador para o republicano Donald Trump: seu impeachment. Nesta quinta-feira 31, a investigação aberta pela oposição democrata passará por sua primeira etapa formal. A Câmara de Representantes deve apreciar uma resolução que, caso aprovada, autorizará a realização de audiências públicas sobre o suposto abuso de autoridade de Trump envolvendo a Ucrânia.
Desde o final de setembro, a oposição democrata está tentando determinar se o presidente republicano abusou de seu poder para fins pessoais, pedindo à Ucrânia para investigar o ex-vice-presidente Joe Biden, um dos mais fortes pré-candidatos democratas às eleições presidenciais de 2020.
A medida que será votada nesta quinta-feira tem muitas chances de ser aprovada, uma vez que os democratas são maioria na câmara dos representantes, com 228 dos 435 assentos. “O texto estabelece o procedimento para as audiências que estão abertas ao povo americano, autoriza a divulgação das transcrições das declarações e define os processos para transferir provas ao Comitê Judicial, enquanto este estuda possíveis artigos sobre um julgamento político”, disse a presidente da câmara Nancy Pelosi.
Durante todo o processo, Trump e sua defesa negaram irregularidades nas ligações feitas pelo presidente ao seu par ucraniano e alegaram que o republicano não teve o direito de se defender das acusações democratas, pois os depoimentos que vêm sendo recolhidos são realizados a portas fechadas.
Ontem, o depoimento de um dos principais assessores do governo norte-americano na Ucrânia vazou para a imprensa. Ao Congresso, Alexander Vindman disse que ficou “alarmado” com o telefonema entre Donald Trump e o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski. “Não achei adequado (Trump) exigir que um governo estrangeiro investigasse um cidadão americano e fiquei preocupado com as implicações para o apoio dos EUA à Ucrânia”, disse o militar. Vindman também confirmou que Trump mandou suspender a ajuda militar à Ucrânia até que Zelenski concordasse em investigar Joe Biden e seu filho, Hunter.
Para tentar provar a inocência do presidente, há algumas semanas a própria Casa Branca divulgou transcrições de conversas entre Trump e Zelenski. O presidente segue dizendo que “não vê nada de errado” nos áudios. Em última instância, ele se vale de uma garantia: o Senado, republicano, tende a concordar com ele. O desafio dos democratas é mudar essa percepção.