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Haitianos voltam às urnas após anulação das eleições de 2015

O Conselho Eleitoral Provisório reitera que as eleições vão acontecer, apesar da devastação deixada pelo furacão, que deixou pelo menos 573 mortos

Eleições: o pleito vai acontecer em meio a uma grave crise humanitária, já que mais de 600 mil pessoas vivem nas áreas mais afetadas por Matthew (Andres Martinez Casares/Reuters)

Eleições: o pleito vai acontecer em meio a uma grave crise humanitária, já que mais de 600 mil pessoas vivem nas áreas mais afetadas por Matthew (Andres Martinez Casares/Reuters)

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EFE

Publicado em 18 de novembro de 2016 às 22h49.

Porto Príncipe - Os haitianos voltam no próximo domingo às urnas para escolher, entre 27 candidatos, seu próximo presidente, em uma eleição que já foi adiada quatro vezes, a última delas devido à passagem do furacão Matthew em 4 de outubro, cinco dias antes da data prevista para o pleito.

O Conselho Eleitoral Provisório (CEP) reitera que as eleições vão acontecer, apesar da devastação deixada pelo furacão, que deixou pelo menos 573 mortos e 75 desaparecidos, enquanto 175 mil pessoas do sul e do sudoeste do país, as áreas mais afetadas, permanecem em alojamentos provisórios.

O Haiti vive um momento crucial com este pleito, convocado depois que o conselho invalidou os resultados das eleições de outubro de 2015 por causa de supostas irregularidades.

Os principais candidatos à presidência do Haiti estiveram muito ativos durante o período de crise originada pela passagem do furacão e recomeçaram a campanha eleitoral no dia 3 de novembro.

Este pleito vai acontecer em meio a uma grave crise humanitária, já que mais de 600 mil pessoas vivem nas áreas mais afetadas por Matthew, onde haverá muitas dificuldades para exercer o direito ao voto, entre outras coisas, porque muitos deles perderam suas carteiras de identidade durante o ciclone.

O CEP diz desconhecer o número de pessoas que ficaram sem documentos como consequência da passagem do Matthew, e a isto se soma o problema de que muitos dos espaços que devem ser utilizados como centros de votação servem atualmente de albergues para dezenas de milhares de deslocados.

A grande novidade da campanha foi a organização pela primeira vez de um debate por iniciativa de Grupo de Intervenção de Assuntos Públicos (GIAP), com a intervenção de cinco candidatos.

Nos debates participaram Jovenel Moise, do Partido Haitiano Tet Kale (PHTK); e Jude Celestin, da Liga Alternativa pelo Progresso e Emancipação Haitiana (Lapeh), que obtiveram, nas eleições invalidadas do dia 25 de outubro de 2015, 32,81% e 25,27% dos votos, respectivamente.

Moise Jean-Charles, da Plataforma Pitit Dessalines; Jean Henry Ceant, candidato do Renmen Ayiti; e Edmonde Beauzile do Partido Fusão dos Social-Democratas, foram os outros candidatos presentes ao debate, onde a luta contra a pobreza, a governabilidade e o respeito dos direitos humanos foram os principais temas.

Nestes debates esteve ausente Maryse Narcisse, candidata pela Família Lavalas, partido do ex-presidente Jean Bertrand Aristide, que ficou em quarto lugar na última eleição.

As poucas pesquisas mantêm esta candidata em quarto lugar, atrás de Celestin, Jean Charles e Moise, em primeiro, segundo e terceiro, respectivamente, em intenções de voto.

Nas eleições do ano passado e em outros processos anteriores, não foram estranhos os confrontos entre partidários dos principais candidatos que, em algumas ocasiões, deixaram mortos e feridos, embora nesta ocasião, os mesmos candidatos ocupam cargos públicos.

Mais de seis milhões de eleitores estão convocados a votar, embora a propaganda eleitoral não tenha conseguido, por enquanto, mobilizar os mais engajados na campanha.

O comerciante Jean-Paul Calixte disse, em declarações à Efe, que "estas eleições não vão fornecer nada à população". "É uma batalha entre políticos e em interesse deles mesmos", acrescentou.

Além disso, questionou o custo da campanha, cujas fontes de financiamento são um mistério, já que "ninguém sabe de onde vem este dinheiro; é muito suspeita a atuação de alguns candidatos", afirmou.

As críticas também acontecem em relação ao conteúdo da campanha que, segundo o economista Camille Charlmers, reproduz o mesmo plano há 30 anos; por isso "poucas pessoas se interessam em votar", opinou em declarações à Efe.

"A campanha eleitoral não tem nada de diferente e novo, os candidatos fazem promessas e gastam dinheiro, mas no fundo não há um discurso que mostre que há esperança; todos apresentam o mesmo plano neoliberal que destrói a agricultura e a economia do país", afirmou.

Se nenhum dos candidatos conseguir 50% mais um dos votos, os haitianos deverão voltar às urnas para um segundo turno no dia 29 de janeiro de 2017.

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