Haiti: já são mais de 1550 mortes dedsde o início de 2024 (RICHARD PIERRIN/AFP/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 28 de março de 2024 às 11h47.
A situação no Haiti é "cataclísmica", com mais de 1.550 mortos nos três primeiros meses de 2024 em consequência da violência das gangues, alertou nesta quinta-feira a ONU, que lamentou as "fronteiras porosas" que facilitam o fornecimento de armas aos grupos criminosos que atuam no país.
"É chocante que, apesar do horror da situação no local, as armas continuam chegando. Apelo por uma implementação mais eficaz do embargo de armas", declarou o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, na apresentação de um novo relatório.
"Fatores estruturais e conjunturais levaram o Haiti a uma situação cataclísmica, caracterizada por uma profunda instabilidade política e instituições extremamente frágeis", afirma o relatório.
O Haiti, que já enfrentava uma profunda crise política e de segurança, sofre com o aumento da violência renovada desde o início do mês, quando várias gangues uniram forças para atacar locais estratégicos da capital Porto Príncipe, alegando que pretendiam o primeiro-ministro Ariel Henry.
Muito contestado, Henry não conseguiu retornar ao país depois de uma viagem ao Quênia no início do mês. No dia 11 de março, ele concordou em renunciar e o futuro Conselho Presidencial haitiano, que deve assumir o governo do país, comprometeu-se na quarta-feira a restaurar a "ordem pública e democrática".
Segundo a ONU, "a corrupção, a impunidade e a má governança, agravadas por níveis crescentes de violência das gangues, corroeram o Estado de Direito e levaram as instituições do país à beira do colapso".
A ONU observa que, apesar do embargo de armas, "o tráfico ilícito de armas e munições através das fronteiras porosas proporciona uma cadeia de abastecimento confiável para as gangues, que muitas vezes têm um poder de fogo maior que a polícia nacional haitiana".
O relatório afirma que os grupos criminosos utilizam a violência sexual para maltratar, castigar e controlar a população. Os casos de violência sexual, no entanto, não são denunciados e ficam impunes.