França: mais um jornal está sob ameaças de grupo islâmico (Jasper Juinen/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de novembro de 2011 às 10h40.
Paris - Um dos hackers que assumiram a autoria da invasão contra o site do semanário satírico francês 'Charlie Hebdo' ameaçou neste domingo fazer o mesmo com o jornal 'Libération' caso a empresa continue publicando caricaturas do Profeta Maomé.
'Defendemos nosso país e nossas instituições. Se o 'Libération' continuar publicando esses desenhos, nos ocuparemos deles também', declarou ao diário 'Le Journal du Dimanche' o jovem turco Ekber, integrante do grupo islâmico Akincilar, que na quinta-feira admitiu estar por trás do ataque contra o site do semanário.
A sede do 'Charlie Hebdo' chegou a ser incendiada na madrugada da quarta-feira passada, mesmo dia em que publicou uma edição especial sobre a vitória dos muçulmanos nas eleições tunisianas. A sátira mostrava o profeta na capa como 'redator-chefe', ameaçando condenar a 100 chibatadas quem não 'morresse de rir'.
O Governo francês, a imprensa e grande parte dos intelectuais do país se solidarizaram com o semanário após o ataque. O 'Libération' acolheu em seu escritório a redação do semanário e dedicou a capa e contracapa da edição do dia seguinte ao incidente.
Ekber, conhecido como 'Black Apple', destacou no entanto que seu grupo não está por trás do atentado com coquetéis molotov que incendiou a sede da publicação, porque, segundo ele, 'o islã é uma religião de paz' e seu grupo não utiliza esse tipo de violência como método de ação.
'Não acreditamos ter feito nada de ruim, não é como se tivéssemos assaltado contas bancárias. Foi um protesto contra um insulto a nossas crenças e valores', acrescentou o jovem, em linha com a política de seu grupo, que luta 'contra publicações que atacam a fé (islâmica) e os valores morais e que contêm pornografia e materiais satânicos'.