Guterres: secretário-geral disse que a ONU "corre o risco de esgotar suas reservas financeiras até o fim do mês e não liquidar seus pagamentos à equipe e aos fornecedores" (Rafael Marchante/Reuters)
AFP
Publicado em 8 de outubro de 2019 às 18h57.
Última atualização em 8 de outubro de 2019 às 19h33.
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, garantiu nesta terça-feira (8) que a organização enfrenta "a pior crise financeira" em quase dez anos devido a atrasos nas cotas dos Estados-membros- entre eles, o Brasil - e, por isso, não poderia pagar os salários dos funcionários a partir de novembro.
Guterres afirmou que a ONU "corre o risco de esgotar suas reservas financeiras até o fim do mês e não liquidar seus pagamentos à equipe e aos fornecedores".
Trata-se da "pior crise financeira da ONU em quase uma década", explicou.
Na segunda, em uma carta destinada aos 37 mil funcionários da ONU e à qual a AFP teve acesso, Guterres detalhou que seria preciso tomar "medidas adicionais" para fazer frente aos compromissos.
As reservas financeiras estão à beira do abismo porque os Estados-membros pagaram apenas 70% do montante necessário para a operatividade disposta no orçamento do ano. Isso significa um déficit de 230 milhões de dólares no fim de setembro.
Segundo ele, os principais maus pagadores, com grandes atrasos, são Estados Unidos, Brasil, Argentina, México e Irã.
Excluindo o que paga pelas operações de manutenção da paz, o orçamento operacional da ONU para 2018-2019 é de quase US$ 5,4 bilhões. Os Estados Unidos contribuem com 22% do total.
Ao todo, 64 países devem dinheiro à ONU. Entre eles estão Venezuela, Coreia do Norte, Coreia do Sul, República Democrática do Congo, África Central, Israel, Mali e Arábia Saudita.
"O Secretário-Geral agradece aos Estados que pagaram, um total de 129 (dos 193 Estados-Membros), e pede àqueles que ainda não pagaram a fazê-lo com urgência e integralmente", diz seu comunicado.
Para limitar os gastos no último trimestre, o chefe da ONU mencionou a possibilidade de adiar conferências e reuniões e reduzir os serviços que serão prestados.
Também foram dadas instruções para restringir viagens oficiais às atividades mais essenciais, adiar compras de bens e serviços e implementar economia de energia.