Rohingyas: mais de 400 mil rohingyas fugiram desde o dia 25 de agosto pela onda de violência em Mianmar (Mohammad Ponir Hossain/Reuters)
EFE
Publicado em 19 de setembro de 2017 às 14h34.
Nações Unidas - O secretário-geral da ONU, António Guterres, denunciou nesta terça-feira o drama enfrentado pelos rohingyas em Mianmar e citou algumas das promessas feitas horas antes pela líder de fato do país, Aung Sann Suu Kyi.
Apesar disso, Guterres pediu novamente que as autoridades de Mianmar interrompam as operações militares no estado de Rakhine e que respondam às reclamações dos rohingyas.
O chefe das Nações Unidas se referiu à crise em um discurso diante dos líderes mundiais reunidos na sede da organização para a abertura da 72ª Assembleia-Geral, declarando-se "impactado pela escalada dramática das tensões sectárias" em Mianmar.
"Um círculo vicioso de perseguição, discriminação, radicalização e repressão violenta levou mais de 400 mil pessoas desesperadas a fugir, pondo a estabilidade regional em risco", indicou.
Guterres disse que ouviu o discurso realizado hoje por Suu Kyi e citou as intenções da vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 1991. A líder de fato de Mianmar prometeu implementar o "mais rápido possível" as recomendações da comissão liderada pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan.
Um dia antes do recomeço da violência, esse grupo apresentou 88 pontos com o objetivo de reduzir os problemas sectários entre os rohingyas e a maioria budista no estado de Rakhine.
Hoje, Suu Kyi condenou todas as violações dos direitos humanos e se comprometeu a levá-las aos tribunais, fornecendo ajuda à população afetada.
A prêmio Nobel da Paz decidiu de última hora não viajar a Nova York para participar da Assembleia-Geral devido à crise no país.
Mais de 400 mil rohingyas fugiram para Bangladesh desde o dia 25 de agosto pela onda de violência contra eles em Mianmar, onde o Exército realiza uma campanha militar em resposta ao ataque de um grupo de insurgentes dessa etnia contra postos policiais.
As autoridades de Mianmar, país de maioria budista, não reconhecem os rohingyas como cidadãos do país, os considerando como imigrantes de Bangladesh. A situação impõe múltiplas restrições aos membros da minoria muçulmana, como a privação de movimentação.