Conacri - A Guiné declarou uma emergência de saúde pública por causa da epidemia de ebola, que já matou mais de mil pessoas em três países do oeste da África, e está enviando funcionários da saúde para todas as localidades fronteiriças afetadas, declarou uma autoridade do governo.
Estimadas 377 pessoas morreram na Guiné desde o início do maior surto de ebola da história, em março, em áreas remotas de uma região de fronteira perto de Serra Leoa e Libéria.
A Guiné afirma que o surto está sob controle e que o número de casos está diminuindo, mas as medidas são necessárias para evitar novas infecções de nações vizinhas atingidas pela epidemia.
“Caminhões cheios de suprimentos médicos e levando funcionários da saúde estão a caminho de todas as localidades na fronteira com Serra Leoa e Libéria”, disse o presidente da comissão de ebola da Guiné, Aboubacar Sidiki Diakité, na noite de quarta-feira.
Até três mil pessoas estão esperando em 17 pontos na divisa pela permissão para entrar no país, afirmou.
“Qualquer doente será isolado imediatamente. As pessoas serão acompanhadas. Não podemos correr o risco de deixar qualquer um entrar sem verificações”, disse.
Serra Leoa declarou o ebola uma emergência nacional, assim como a Libéria, que espera que dois de seus médicos diagnosticados com a doença possam iniciar o tratamento com o suprimento limitado da droga experimental ZMapp.
A farmacêutica canadense Tekmira Pharmaceuticals também está estudando a possibilidade de fabricar mais doses do remédio, informou o executivo-chefe Mark Murray.
A Nigéria também declarou emergência nacional, embora até o momento tenha escapado dos níveis de infecção dos três outros países africanos. Nesta quinta-feira, o país disse ter 10 casos de ebola, e quatro nigerianos morreram da febre hemorrágica.
Impactos
Um documento do governo da Libéria visto pela Reuters mostra o estresse causado pelo surto em seu sistema de saúde. Uma central telefônica de Monróvia está penando para dar conta do volume de ligações e precisa de mais pessoal, linhas e um vice-supervisor, segundo o Ministério da Saúde.
O ebola afeta ainda a economia nas nações atingidas, já que seu impacto no comércio, nos transportes e nas fronteiras irá durar pelo menos mais um mês, afirmou o vice-presidente da agência de avaliação de risco Moody's, Matt Robinson.
O crescimento de Serra Leoa irá diminuir em relação aos 16 por cento registrados em 2013 se o setor de mineração for afetado, disse ele, acrescentando que os orçamentos regionais para a saúde podem aumentar.
Navios oriundos de Guiné, Serra Leoa e Libéria não terão permissão para entrar no porto de Abidjã, na Costa do Marfim.
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1. O que é ebola?
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1/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
São Paulo -
Ebola é uma
doença viral aguda que causa febre hemorrágica. É causada por três das cinco espécies dentro do gênero. Duas espécies são capazes de infectar seres humanos, mas não parecem causar a doença. Os outros três podem causar graus variáveis de doença. O vírus Ebola Zaire é a estirpe mais mortal, e tem sido identificada como a causa do surto atual. Em epidemias anteriores, esta estirpe teve uma taxa de mortalidade de 90%.
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2. A origem
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2/13 (Frederick Murphy/CDC/Handout via Reuters)
A origem do vírus é incerta. Mas alguns especialistas acreditam que os morcegos podem abrigar o vírus em seu trato intestinal. Os primeiros seres humanos infectados e que espalharam a doença provavelmente caçaram e comeram um animal infectado.
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3. A epidemia atual
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3/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
Este já é considerado o maior surto desde que o vírus ebola foi descoberto há quase 40 anos. O surto foi declarado em março, na Guiné. Desde então, a doença se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria e matou 60% dos infectados. São 1323 pessoas infectadas e 887 mortes, segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60 mortes foram de trabalhadores de saúde que procuravam controlar a doença.
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4. Os sintomas
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4/13 (AFP)
Após o contágio, o paciente pode demorar até 21 dias antes de manifestar a doença. Os sinais são semelhantes aos da gripe, incluindo dores abdominais, febre, vômitos e diarreia. O quadro se agrava com a desidratação, insuficiência do fígado e dos rins, e hemorragia.
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5. Transmissão
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5/13 (Ahmed Jallanzo/Agência Lusa/Agência Brasil)
O vírus é transmitido diretamente pelo contato direto com sangue ou fluidos corporais dos infectados, inclusive dos mortos. O contágio é maior quando os pacientes já estão em estágios terminais, com hemorragia interna e externa, vômitos e diarreia, que contêm altas concentrações do vírus.
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6. O tratamento
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6/13 (Cellou Binani/AFP)
Não há um remédio específico para a doença. Os sintomas costumam ser tratados separadamente. Por exemplo, o soro intravenoso pode evitar a desidratação, enquanto um antitérmico diminui a febre. Já os analgésicos podem diminuir as dores. Aqueles que têm a doença identificada e recebem tratamento mais cedo têm mais chances de sobreviver à infecção. Infelizmente, como os sintomas são genéricos e parecidos com de outras doenças, o diagnóstico pode demorar.
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7. Como se proteger
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7/13 (AFP)
A melhor forma de se proteger da doença é evitar os locais onde há surto de ebola. Entre as recomendações do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para quem tiver de viajar para estes países estão, por exemplo, seguir recomendações que serão dadas pelas autoridades sanitárias locais. Chioro aconselha os viajantes a não entrar em contato com secreções, vômitos e sangue das pessoas que são vítimas das doenças, que devem estar em isolamento e tratamento médico.
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8. Epidemia global
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8/13 (Tommy Trenchard / Reuters)
O risco de o vírus ser disseminado da África para a Europa, Ásia ou para as Américas é extremamente baixo, de acordo com especialistas em doenças infecciosas. O professor belga Peter Piot, um dos descobridores do vírus ebola, descartou uma epidemia fora do continente africano, em entrevista à AFP. Mesmo que um portador do ebola viaje até Europa, Estados Unidos ou outra região da África, o cientista não acredita que isto possa causar uma epidemia importante, pois a infecção requer um contato muito próximo. Mas Piot pediu que as vacinas e os tratamentos, promissores nos animais, sejam testados em humanos.
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9. Vacina experimental
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9/13 (sxc.hu)
Pesquisadores americanos planejam testar, em breve, uma vacina experimental contra o ebola. Se bem sucedida, poderá imunizar até 2015 trabalhadores de saúde, que estão na linha de fogo da epidemia. No próximo mês, os Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos começarão os testes em humanos da vacina, que já é promissora nas experiências em macacos.
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10. Fronteiras fechadas
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10/13 (Gary Cameron/Reuters)
Guiné, Libéria e Serra Leoa anunciaram na sexta-feira (2) que vão colocar em quarentena a região fronteiriça comum, onde surgiu o último surto do vírus ebola. O anúncio foi feito durante uma reunião de emergência para discutir a epidemia e depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar que o ebola pode provocar uma perda catastrófica de vidas e prejuízos econômicos, caso a epidemia não seja controlada.
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11. Não há mercado para a vacina
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11/13 (AFP)
Segundo a AFP, até agora não se conseguiu convencer as companhias farmacêuticas a investir em uma vacina contra o ebola. Andrea Marzi e Heinz Feldmann, do instituto de virologia NIAID, disseram em artigo publicado em abril que, com surtos esporádicos que costumam afetar um pequeno número de pessoas na África, não existe um mercado comercial para uma vacina contra a doença.
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12. Medicação
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12/13 (Samaritans Purse/Divulgação via Reuters)
Herve Raoul, especialista em patógenos e pesquisador do Instituto Médico Francês de Saúde, disse à AFP que o ideal é desenvolver um antiviral que ajude os doentes a superar a fase mais aguda da doença. No entanto, essa medicação não existe hoje. Atualmente, os especialistas só podem aconselhar medidas preventivas, como isolar os infectados, tomar precauções para evitar o contato com fluidos corporais e enterrar os mortos com rapidez.
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13. Agora veja 10 países onde respirar faz mal à saúde
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13/13 (Reuters)