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Guinada para direita na eleição Argentina anima investidores

A decisão de Massa de concorrer foi vista como um sinal de que diminuiu a influência da vice-presidente Cristina Kirchner

Alberto Fernandez e Sergio Massa: ministro da Economia é mais ao centro. (Tomas Cuesta/Getty Images)

Alberto Fernandez e Sergio Massa: ministro da Economia é mais ao centro. (Tomas Cuesta/Getty Images)

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Agência de notícias

Publicado em 26 de junho de 2023 às 14h55.

Última atualização em 26 de junho de 2023 às 14h58.

Parece cada vez mais provável que a eleição presidencial na Argentina trará ao poder um governo pró-negócios, depois que o bloco peronista se uniu em torno da candidatura do ministro da Economia centrista Sergio Massa.

Os títulos de referência da dívida externa do país subiram para o nível mais alto desde o início de março nesta segunda-feira, após o anúncio de que Massa representaria a coalizão governista nas eleições de outubro. A taxa de câmbio paralela da Argentina chegou a se fortaleceu em até 6% no início dos negócios.

A decisão de Massa de concorrer foi vista como um sinal de que diminuiu a influência da vice-presidente Cristina Fernández de Kirchner, defensora de muitas das medidas que deixaram o país em apuros financeiros.

“Isso é Cristina perdendo poder”, disse Mariel Fornoni, diretora da empresa de pesquisas Management & Fit, em Buenos Aires. “Todas as alternativas são muito mais pró-mercado.”

Os investidores esperam que a eleição ponha fim a anos de má administração financeira na Argentina, que levaram a uma inflação acima de 100%, enorme desvalorização cambial, uma economia em retração e crescente descontentamento social.

Analistas que esperam por uma mudança mais para a direita têm observado atentamente para ver quem Kirchner apoiaria na disputa, e ficaram mais otimistas depois que seu aliado próximo, o ministro do Interior Eduardo de Pedro, desistiu de última hora para apoiar Massa.

A possível mudança política na Argentina iria na contramão de uma maré de esquerda na América Latina nos últimos anos. O aumento da desigualdade e do descontentamento social durante a pandemia levou eleitores da Colômbia, Chile, Peru e Brasil a eleger presidentes que prometeram priorizar as questões sociais. Os argentinos perderam a confiança em seu governo populista depois que suas políticas aprofundaram uma crise econômica iniciada em 2018. Massa é o favorito para vencer a indicação do partido governista nas primárias de 13 de agosto.

Disputa

No Propuesta Republicana, partido do ex-presidente Mauricio Macri, a disputa pela indicação será entre a linha-dura Patricia Bullrich e o centrista Horacio Rodríguez Larreta, atual prefeito de Buenos Aires. Concorrendo pelo partido La Libertad Avanza, o economista libertário Javier Milei também será um candidato-chave na eleição deste ano.

“Se a oposição ficar muito polarizada, deixa um grande espaço aberto no centro que, estrategicamente, o bloco peronista tentará preencher”, disse Juan Cruz Diaz, diretor-gerente do Cefeidas Group, uma consultoria política.

As dificuldades da Argentina também são, em parte, de responsabilidade de Massa — afinal, pelo menos oficialmente, ele é o chefe da política econômica. Os títulos soberanos do país foram negociados abaixo de 30 centavos de dólar durante grande parte de seu mandato de 10 meses, sugerindo que os investidores esperam uma reestruturação de dívida dolorosa pela frente. Ele expandiu os controles de preços, reforçou as restrições de importação e implementou várias taxas de câmbio.

“Os problemas fundamentais da Argentina ainda existem”, disse Alberto Rojas, economista sênior para mercados emergentes do Credit Suisse.

Mas, com Kirchner enfraquecida, os títulos externos com vencimento em 2030 já sobem 2 cents para cerca de 32 cents nesta segunda-feira.

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