Ali Khamenei: "O povo e o governo do Irã não tolerarão jamais ter que suportar as sanções e as limitações em matéria nuclear" (Caren Firouz/Reuters/Reuters)
AFP
Publicado em 4 de junho de 2018 às 20h50.
O guia supremo iraniano, Ali Khamenei, advertiu nesta segunda-feira a União Europeia (UE) sobre o "sonho" de acreditar que seu país poderá continuar restringindo seu programa nuclear com as sanções econômicas ainda vigentes.
"Alguns países europeus (dizem esperar) que o povo iraniano tolere continuar sujeito a sanções (...), que abandone suas atividades em matéria de energia nuclear e que continue (obedecendo) as restrições" previstas no acordo sobre o programa nuclear iraniano de 2015 recentemente denunciado pelos Estados Unidos, declarou Khamenei em um discurso em Teerã.
"Digo a esses países que devem ser conscientes que se trata de um sonho que não se concretizará. O povo e o governo do Irã não tolerarão jamais ter que suportar as sanções e as limitações em matéria nuclear. Isso não acontecerá jamais", acrescentou o Guia supremo em um discurso pelo 29º aniversário da morte do fundador da República Islâmica, o aiatolá Khomeini.
O presidente americano, Donald Trump, anunciou em 8 de maio que seu país não respeitaria o acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano, firmado em julho de 2015 em Viena por Teerã e o grupo 5+1 (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha).
Esta decisão abriu caminho para restabelecer as sanções econômicas dos EUA contra o Irã que haviam sido suspensas em virtude do acordo.
Khamenei e outras autoridades iranianas advertiram em várias ocasiões que o Irã descumprirá o acordo de Viena caso não obtenha algo em troca, sobretudo no âmbito econômico.
O guia supremo fixou em 23 de maio uma série de condições aos países europeus para que o Irã continue respeitando o acordo, mas a margem de manobra reduzida.
Na segunda-feira, após o discurso de Khamenei, a fabricante de automóveis francesa PSA, que retornou ao Irã em 2015, anunciou que se prepara para deixar o país por causa das sanções americanas.