As fossas oceânicas são as regiões mais profundas dos oceanos, formadas por placas tectônicas em movimento. (AFP Photo)
Publicado em 22 de abril de 2025 às 17h55.
As fossas oceânicas são algumas das regiões mais profundas e misteriosas do nosso planeta. Localizadas no fundo dos oceanos, essas depressões podem atingir profundidades extremas, representando as zonas mais inacessíveis da Terra. Estas desempenham um papel crucial no funcionamento dos oceanos e são, ao mesmo tempo, um tema de intenso interesse científico.
Embora o estudo das fossas ainda esteja em desenvolvimento, as informações coletadas até o momento revelam aspectos fascinantes sobre a dinâmica da crosta terrestre e o impacto ambiental dessas regiões.
Isto porque, além de serem uma janela para a história geológica da Terra, estas fossas desempenham um papel importante nos ciclos ambientais globais e nos processos naturais que moldam o planeta. Entenda mais sobre o assunto.
São depressões extremamente profundas no fundo do oceano, geralmente localizadas nas zonas de subducção, onde uma placa tectônica é empurrada para baixo de outra.
Este processo ocorre quando uma placa da crosta terrestre (geralmente uma placa oceânica mais densa) encontra-se com uma placa mais leve, empurrando-se para o manto terrestre. Esse movimento gera uma fenda profunda, que forma a fossa oceânica.
Essas fossas podem atingir profundidades superiores a 10.000 metros e são as regiões mais profundas e inacessíveis do planeta.
A criação dessas fossas é um fenômeno geológico contínuo, com processos de subducção e movimentação das placas tectônicas ocorrendo ao longo de milhões de anos.
Em sua composição existem várias camadas e estruturas geológicas, que são formadas ao longo de milhões de anos. As superficiais geralmente consistem em sedimentos marinhos, como areia e argila, que se depositam com o tempo.
Abaixo desses sedimentos, a crosta oceânica – formada por basaltos e outros materiais rochosos – é empurrada para o manto durante o processo de subducção.
À medida que a placa oceânica mergulha no manto terrestre, a pressão e a temperatura aumentam, criando uma série de fenômenos geotérmicos que afetam a composição das rochas e o comportamento da água nas regiões mais profundas.
A região da fossa oceânica é dinâmica, com fenômenos como terremotos submarinos e atividade vulcânica muitas vezes ocorrendo nas proximidades, dada a tensão gerada pela subducção das placas tectônicas.
Elas estão localizadas principalmente nas zonas de subducção, onde uma placa tectônica se move em direção a outra e é empurrada para baixo da crosta terrestre. Esses locais são encontrados em várias partes do mundo, principalmente nos oceanos Pacífico, Atlântico e Índico.
Abaixo estão algumas das principais regiões onde estas se encontram:
A maior fossa oceânica do mundo é a Fossa das Marianas, localizada no Oceano Pacífico, a leste das Filipinas. Ela atinge uma profundidade de cerca de 11.034 metros no seu ponto mais profundo, conhecido como o Desfiladeiro Challenger, fazendo dela o local mais profundo da Terra.
Dentro dela, as condições são extremamente inóspitas. As temperaturas são próximas de zero graus Celsius, a pressão é mais de mil vezes maior do que na superfície da Terra e a luz solar não chega a essas profundezas.
Apesar disso, a vida marinha persiste em formas adaptadas a essas condições extremas. Algumas espécies, como o peixe abissal, microorganismos extremófilos e criaturas bioluminescentes, habitam essas profundezas, o que levanta questões sobre as capacidades de adaptação da vida nas condições mais extremas do planeta.
Embora a Fossa das Marianas e outras fossas oceânicas sejam áreas extremas, com pressões e temperaturas extremas, a tecnologia avançada tem permitido que seres humanos desçam até essas profundezas.
O explorador e cineasta James Cameron foi o primeiro a realizar uma viagem solo até o fundo da Fossa das Marianas em 2012, utilizando uma cápsula submersível projetada para resistir à pressão extrema.
Atualmente, há esforços contínuos para desenvolver tecnologias que permitam não apenas a exploração científica dessas regiões, mas também a realização de experimentos e coleta de dados em condições extremas.
No entanto, essa é uma tarefa arriscada e cara, limitada a um pequeno número de cientistas e exploradores com acesso a equipamentos especializados.
As fossas oceânicas participam de um processo chamado "sequestro de carbono", onde o carbono das camadas superficiais do oceano é transportado para as profundezas, ajudando a mitigar as mudanças climáticas.
Porém, também enfrentam ameaças devido à atividade humana. A pesca de arrasto, a poluição marinha e a exploração de recursos minerais no fundo do mar podem afetar esses ecossistemas profundos, perturbando a vida marinha que vive nas fossas e interferindo nos processos naturais.
A descoberta de novas formas de vida nas fossas também levanta preocupações sobre a preservação desses habitats inexplorados.
Essas formações são uma parte crucial da geologia e dos sistemas ambientais da Terra. Compreender como essas regiões se formam e funcionam ajuda os cientistas a entender melhor a dinâmica da crosta terrestre, os processos tectônicos e a forma como os oceanos regulam o clima global.
Além disso, as fossas oceânicas são habitats únicos que abrigam formas de vida adaptadas às condições mais extremas, e seu estudo pode fornecer informações valiosas sobre a vida em outros planetas.
Ao compreender mais sobre as fossas oceânicas, podemos também refletir sobre a importância de protegê-las, pois sua saúde tem implicações diretas para o equilíbrio ambiental global. O impacto humano nessas regiões remotas, embora muitas vezes imperceptível, pode ter consequências duradouras.