A Escócia ainda enfrenta questões sobre a sua possível independência do Reino Unido (Dan Kitwood/Getty Images)
Publicado em 11 de março de 2025 às 17h07.
A Escócia é uma nação constituinte do Reino Unido, localizada no extremo norte da ilha da Grã-Bretanha. Com cerca de 5,5 milhões de habitantes, o país tem uma identidade cultural distinta, marcada por tradições como o uso do kilt, a música da gaita de foles e festivais como o Hogmanay, a celebração escocesa do Ano-Novo.
Sua capital, Edimburgo, é conhecida por sua arquitetura medieval e pelo festival internacional de artes, enquanto Glasgow, a maior cidade do país, destaca-se como um centro econômico e cultural.
O país adota o modelo de monarquia constitucional, compartilhando o chefe de Estado com o Reino Unido, mas possui um governo próprio, o Parlamento Escocês, que desde 1999 tem poder sobre áreas como saúde, educação e transportes.
Sua economia é diversificada, com setores fortes em energia, especialmente petróleo e gás do Mar do Norte, tecnologia, finanças e turismo. Apesar de usar a libra esterlina, o país emite suas próprias cédulas, e seu sistema jurídico é independente do inglês.
A relação da Escócia com o Reino Unido é complexa e historicamente marcada por disputas. Antigo reino independente, o país uniu-se politicamente à Inglaterra em 1707, formando o Reino da Grã-Bretanha. No entanto, movimentos nacionalistas continuam a buscar um futuro independente, tornando essa história essencial para compreender o cenário político atual.
A Escócia tem uma longa e complexa trajetória, marcada por invasões, alianças e disputas por independência. O território foi habitado por diferentes povos ao longo dos séculos, sendo que os mais antigos registros apontam para comunidades celtas, pictos e, mais tarde, vikings e anglo-saxões.
No século I d.C., o Império Romano expandiu-se pela Grã-Bretanha, mas enfrentou forte resistência ao norte. Os romanos construíram a Muralha de Adriano (122 d.C.) e, posteriormente, a Muralha de Antonino (142 d.C.), para conter os pictos, habitantes das terras altas. Apesar das incursões, os romanos nunca conseguiram controlar totalmente a região, que permaneceu fragmentada em pequenos reinos tribais.
A formação do Reino da Escócia começou no século IX, quando Kenneth MacAlpin, rei dos escotos, unificou seu povo com os pictos, fundando o Reino de Alba – considerado o embrião da Escócia moderna. Nos séculos seguintes, o território expandiu-se, incorporando terras ao sul e consolidando sua identidade.
A relação entre Escócia e Inglaterra foi marcada por disputas territoriais e políticas. No final do século XIII, com a morte de Alexandre III da Escócia e a crise de sucessão, o rei inglês Eduardo I tentou impor domínio sobre o país, desencadeando as Guerras de Independência (1296-1357).
Esse período foi marcado por figuras como William Wallace, líder da resistência escocesa retratado no filme Coração Valente, e Robert the Bruce, que, após derrotar os ingleses na Batalha de Bannockburn (1314), consolidou a independência escocesa. Em 1328, o Reino da Inglaterra reconheceu oficialmente a autonomia da Escócia pelo Tratado de Edimburgo-Northampton.
A independência escocesa foi mantida até o século XVII, quando ocorreu a União das Coroas. Em 1603, a morte da rainha inglesa Elizabeth I sem herdeiros levou à ascensão do rei escocês Jaime VI ao trono inglês como Jaime I, unificando as coroas de ambos os países. Apesar disso, Escócia e Inglaterra continuaram com parlamentos, sistemas legais e estruturas governamentais separados.
No final do século XVII e início do XVIII, a economia escocesa entrou em colapso após o fracasso do Projeto Darién, uma tentativa mal-sucedida de estabelecer uma colônia comercial no Panamá. A crise financeira levou os líderes escoceses a considerar a união política com a Inglaterra como solução para estabilizar a economia.
A formalização da união entre Escócia e Inglaterra ocorreu com os Atos de União de 1707, que fundiram os parlamentos dos dois países e criaram o Reino da Grã-Bretanha. Em troca, a Escócia recebeu compensações financeiras e acesso ao mercado colonial britânico.
Embora a união trouxesse benefícios econômicos, ela também gerou resistência. Revoltas jacobitas – movimentos que buscavam restaurar um rei escocês da dinastia Stuart no trono britânico – aconteceram durante o século XVIII, mas foram brutalmente reprimidas, culminando na Batalha de Culloden (1746) e no declínio do sistema de clãs das Highlands.
Durante a Revolução Industrial, a Escócia tornou-se um centro de inovação, com cidades como Glasgow e Edimburgo se destacando na engenharia, indústria naval e comércio. No século XX, a insatisfação com o domínio político de Londres cresceu, levando à criação do Parlamento Escocês em 1999, que devolveu à Escócia poderes sobre saúde, educação e outras áreas.
Em 2014, um referendo sobre a independência foi realizado, mas a proposta foi rejeitada por 55% dos eleitores. No entanto, questões como o Brexit reacenderam o debate, tornando a relação entre Escócia e Reino Unido um tema ainda em transformação.
Compreender como a Escócia se tornou parte do Reino Unido é essencial para entender a formação política e cultural da Grã-Bretanha moderna. A união de 1707 teve impactos profundos na identidade escocesa e nas relações entre as nações constituintes do Reino Unido. Além disso, questões sobre a independência escocesa continuam a ser debatidas atualmente, tornando relevante o conhecimento sobre as origens dessa união.