Davos será mais uma vez o ponto de encontro dos líderes latino-americanos (Tomas Cuesta/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 12 de janeiro de 2024 às 13h58.
As guerras em Gaza e na Ucrânia e o tão aguardado discurso do novo presidente argentino, Javier Milei, marcarão a agenda deste ano no fórum de Davos, o encontro anual das elites mundiais que começa na segunda-feira, 15, na Suíça.
A edição de 2024 surge "no contexto geopolítico e econômico mais complicado em várias décadas", reconheceu esta semana Borge Brende, presidente do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), fundado em 1971.
"A guerra em Gaza continua e há receios de uma escalada", alertou, explicando que o objetivo do fórum desta vez será "ver como evitar uma maior deterioração da situação e olhar para o futuro".
Davos será mais uma vez o ponto de encontro dos líderes latino-americanos, com um esperado Javier Milei, que poderá revolucionar o evento como fez em sua época o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, com quem às vezes foi comparado.
Nas suas primeiras semanas no poder, o ultraliberal argentino apresentou um programa de reformas radicais em um contexto de grave crise econômica, com uma inflação anual superior a 160% e uma pobreza de 40%.
Mas as suas medidas enfrentam obstáculos judiciais e forte oposição dos sindicatos.
Em Davos, sua primeira viagem ao exterior como presidente, Milei fará um discurso solene na quarta-feira e já tem mais de 60 pedidos de reuniões bilaterais, indicou o próprio mandatário à imprensa argentina, em um fórum onde muitos líderes comparecem em busca de investimentos.
Nos últimos anos, a América Latina tem estado cada vez mais presente neste fórum, que acontece em uma exclusiva estação de esqui nos Alpes Suíços.
Além das questões estritamente financeiras e comerciais, também são abordados temas como biodiversidade, saúde e desinformação.
Entre os convidados está novamente o presidente da Colômbia, o esquerdista Gustavo Petro, que no ano passado surpreendeu com um duro apelo para "superar" o capitalismo no fórum, um símbolo para seus detratores dos piores excessos da globalização.
O Brasil, na linha de frente em questões como desmatamento ou mudança climática, será representado por vários ministros, incluindo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Soma-se a esta lista a participação do chanceler do Peru, Javier González-Olaechea. Um discurso do presidente espanhol, o socialista Pedro Sánchez, também está na agenda do dia.
A presença do presidente do Equador, Daniel Noboa, estava marcada, mas foi cancelada devido à situação do seu país, imerso em uma onda de violência sem precedentes.
No total, e junto a centenas de executivos empresariais e responsáveis econômicos, Davos anunciou a participação de mais de 60 chefes de Estado ou de Governo.
Entre eles está o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, o funcionário de mais alto escalão de Pequim a participar na reunião desde a visita do presidente Xi Jinping em 2017, chegando logo após as eleições de sábado em Taiwan.
A lista de participantes inclui o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, o presidente israelense, Isaac Herzog, e os primeiros-ministros do Líbano, Catar e Jordânia.
Por sua vez, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que até agora havia feito apenas discursos remotos, comparecerá pessoalmente, buscando mais uma vez o apoio ocidental contra a invasão russa ao seu país, que está prestes a completar dois anos.
Também não faltarão grandes nomes do capitalismo global, como o CEO da Microsoft, Satya Nadella, e o da OpenAI, Sam Altman, a empresa que revolucionou a inteligência artificial com o seu robô conversacional ChatGPT.
Cerca de 5.000 militares suíços participam no impressionante esquema de segurança da pequena cidade nos Alpes, sob vigilância de aviões de combate.
Junto ao programa oficial, o fórum é também um ponto de encontro nos bastidores para elites políticas e econômicas de todo o mundo, não apenas em reuniões oficiais, mas em coquetéis e festas de todos os tipos.
Uma opacidade que alimenta as suspeitas e críticas das ONG internacionais, mas também dos sindicalistas.
Neste sentido, a juventude socialista suíça convocou uma manifestação no domingo contra um "encontro fechado entre os poderosos e os ricos" que "são responsáveis pelas crises e pelas guerras".