Pompeo: secretário de Estado dos EUA disse que conversa com os russos será sobre possível uma retirada dos países que "interferem no direito do povo venezuelano" (Yuri Gripas/Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de maio de 2019 às 19h37.
Última atualização em 6 de maio de 2019 às 07h28.
Tendo a Venezuela como palco, Estados Unidos e Rússia revivem tensões da Guerra Fria, quando brigavam pela influência geopolítica em determinadas áreas. Com posições antagônicas no conflito entre o governo e a oposição venezuelana na semana passada, Mike Pompeo, secretário de Estado do país, e Sergei Lavrov, ministro de Relações Exteriores da Rússia, se encontram nesta segunda-feira para discutir a situação política do país.
Na quarta-feira, 1, em conversa por telefone, Pompeo e Lavrov se acusaram mutuamente de tentar intervir de forma agressiva na Venezuela. O governo norte-americano culpa os russos, aliados do presidente Nicolás Maduro, pela manutenção do regime no poder. O secretário norte-americano declarou que Maduro esteve prestes a embarcar em um avião para Cuba na terça-feira, 30, data do último levante da oposição, mas o governo russo o convenceu a não partir. O Kremlin nega as afirmações. Já os americanos dizem estar tentando convencer militares venezuelanos a apoiarem a oposição liderada pelo autoproclamado presidente, Juan Guaidó.
Na última terça-feira, Guaidó afirmou que tinha apoio militar para tomar o poder no país e convocou o povo às ruas para protestar contra o governo de Nicolás Maduro. As Forças Armadas, no entanto, não aderiram ao chamado. Até agora, protestos da oposição resultaram em cinco pessoas mortas e mais de 240 foram feridas.
No final de semana, Jorge Arreaza, chanceler venezuelano, viajou à Rússia para conversar pessoalmente com o ministro russo. No encontro no último domingo, 5, Arreaza disse que a relação entre Moscou e Caracas se tornou mais significativa, “não apenas para os dois países, mas também para o mundo”. Lavrov, por sua vez, aproveitou a ocasião para pedir aos Estados Unidos que atuem dentro do “direito internacional”.
Na última sexta-feira, 3, os presidentes Donald Trump, dos Estados Unidos, e Vladimir Putin, da Rússia, também conversaram por telefone e juraram – sem convencer muita gente – que não pretendem intervir no país. Trump disse que “Putin não está pensando de forma nenhuma em se envolver na Venezuela”, enquanto o presidente russodeclarou que cabe somente ao povo venezuelano determinar o futuro de seu país e que “qualquer interferência externa com vistas a mudar o governo local é prejudicial às perspectivas de uma solução política da crise”.
Em paralelo, o Grupo de Contato Internacional (GCI) para a Venezuela convocou reunião também para esta segunda-feira, 6, na Costa Rica. São esperados no encontro representantes de países da União Europeia e de latino-americanos como Uruguai e Equador. Em nota, os membros do GCI reafirmaram sua posição contra intervenções no país. Enquanto isso, Rússia e Estados Unidos devem seguir mexendo as cartas mais ativamente do que o mundo gostaria.