Israel x Hamas: conflito de três dias tem mais de mil e trezentos mortes (MAHMUD HAMS/AFP)
Redação Exame
Publicado em 9 de outubro de 2023 às 17h38.
Última atualização em 13 de outubro de 2023 às 13h42.
No sábado, 7, o grupo terrorista Hamas realizou um ataque sem precedentes contra Israel. Em reação, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu declarou guerra contra o Hamas. Com a escalada do conflito, mais de 2.400 pessoas morreram, segundo autoridades dos dois lados. A EXAME listou os principais pontos para entender o que aconteceu desde sábado que desencadeou a guerra entre Israel e Hamas.
No último sábado, 7, Israel sofreu um ataque sem procedentes envolvendo operações aéreas, marítimas e terrestres realizadas pelo grupo terrorista Hamas. A ofensiva do Hamas começou na madrugada de sábado com os disparos de foguetes de vários locais de Gaza em pleno "sabbat" — dia sagrado para os judeus — em um momento simbólico: os 50 anos da guerra árabe-israelense do Yom Kippur. O Hamas afirmou que disparou pelo menos 5 mil foguetes, enquanto Israel confirmou que os combatentes do grupo entraram no seu território por terra e mar.
Em seguida, começaram os ataques de entre 200 e 300 combatentes palestinos infiltrados em Israel a diversas localidades próximas ao território. Segundo o Exército de Israel, eles usaram picapes, botes de borracha e até parapentes para entrar no território.
O exército israelense afirmou também que um "número indeterminado de terroristas" se infiltrou no território a partir da Faixa de Gaza. Após os ataques, o primeiro ministro israelense Benjamin Netanyahu disse que seu país está em guerra contra o Hamas.
O grupo terrorista Hamas realizou um ataque sem precedentes no sábado. Em resposta, o governo de Israel declarou guerra ao grupo e começou a bombardear a Faixa de Gaza.
Segundo a rede Al Jazeera, o grupo armado palestino Hamas lançou a “Operação Al-Aqsa Flood”, em defesa da mesquita de Al-Aqsa”. O complexo que fica em Jerusalém é foco histórico de tensão entre israelenses e palestinos.
Os muçulmanos chamam a região, que também inclui o santuário da Cúpula da Rocha (ou Domo da Rocha), de Haram al-Sharif, ou Santuário Nobre. Os fiéis crêem que o profeta Maomé viajou de Meca até à mesquita em uma noite para orar antes de ascender ao céu.
Já os judeus chamam o local de Monte do Templo, e o consideram sagrado pois é onde ficavam dois templos antigos importantes para a religião, destruídos pelos romanos no ano 70 D.C. O único vestígio deles é o Muro das Lamentações.
No entanto, a tensão entre o país e o movimento extremista dura há pelo menos 70 anos e resultou em mortes de israelenses e palestinos. Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) incentivou a criação de dois estados: um judeu e um árabe. Os judeus ficariam com a região que hoje é Israel e os palestinos com Gaza e Cisjordânia.
No entanto, muitos árabes rejeitaram o acordo, porque consideraram o território desvantajoso, com menos recursos e em condições desfavoráveis à prosperidade da população palestina.
Mesmo assim, em 1948, foi criado o estado de Israel, e rapidamente reconhecido pelos Estados Unidos. Muitos palestinos não reagiram bem ao surgimento do novo país, o que resultou na Guerra árabe-israelense no mesmo ano. A partir disso, a Faixa de Gaza foi ocupada pelos egípcios.
Após a Guerra dos Seis Dias, ocorrida em junho de 1967, Israel tomou o controle do território da Cisjordânia e Jerusalém Oriental, alegando que as regiões possuem símbolos religiosos importantes para judeus. No entanto, ambos os territórios também são sagrados ao cristãos e árabes. Como consequência, o conflito se intensificou. Até que, em 1987, houve a primeira Intifada, caracterizada por uma grande revolta dos palestinos contra os exércitos israelenses.
Depois de décadas de conflitos e tentativas de paz, foi criada em 1993 a ANP (Autoridade Nacional Palestina). A organização tinha como propósito trazer uma administração política das áreas ocupadas pelos palestinos, no entanto Israel só deixou a Faixa de Gaza, em 2005.
Em 2012, a ONU finalmente reconheceu a Palestina (Faixa de Gaza e Cisjordânia) como um Estado-observador permanente. Contudo, váras tentativas internacionais para fechar acordos de paz entre palestinos e israelenses fracassaram.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) disseram ter feito mais de 500 ataques aéreos e disparos de artilharia contra alvos na Faixa de Gaza. De acordo com os militares israelenses, depósitos de armas, quartéis-generais e plataformas de lançamento de mísseis usadas pelo Hamas e pelo grupo Jihad Islâmica foram atingidos, embora autoridades palestinas afirmem que os bombardeios tenham acertado posições civis.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, anunciou que o país está realizando um bloqueio total na Faixa de Gaza, com proibição de entrada de alimentos e águas. Gallant afirmou que as autoridades israelenses vão cortar a eletricidade e bloquear a entrada de alimentos e combustível como parte de “um cerco completo” a Gaza. Mais cedo, o exército israelense afirmou nesta segunda que tem o controle total das cidades do sul de Israel atacadas desde o início da ofensiva do Hamas. “Temos controle total das comunidades”, declarou Hagari. O general esclareceu que “ainda pode haver terroristas na área”.
O governo de Israel ainda convocou 360 mil reservistas, cerca de mais de 3% da população, para reforçar o exército em meio a guerra contra o Hamas. O general israelense Daniel Hagari afirmou que “nunca se mobilizou tantos reservistas tão rapidamente". Segundo o portal The Times of Israel, esta é a maior mobilização desde a Guerra do Yom Kippur, conflito envolvendo Israel contra Egito e Síria em 1973, quando o país convocou 400 mil reservistas.
Uma reunião de emergência para tratar do conflito entre o grupo Hamas e Israel terminou sem consenso no último domingo. Em comunicado sobre o encontro, o governo brasileiro reforçou a urgência de desbloquear o processo de paz e defendeu a criação de um Estado Palestino "economicamente viável, convivendo em paz e segurança com Israel".
O número de mortos na guerra entre Israel e Hamas não para de subir. De acordo com o balanço divulgado pela Agência Estado, na quinta-feira, 12, 2.400 pessoas morreram em decorrência dos ataques do Hamas em Israel e dos bombardeios dos israelenses na Faixa de Gaza.
Em Israel, são 1.200 mortos e 2.700 feridos. Segundo o ministério da Saúde de Gaza, pelo menos 1.200 palestinos foram mortos e 4.500 estão feridos. Entre os mortos estão 260 crianças e 230 mulheres, disse um porta-voz do ministério. Além do balanço oficial, um porta-voz das forças militares israelenses afirmou que 1.500 corpos de integrantes do Hamas foram encontrados dentro do território de Israel.
A Faixa de Gaza é um região palestina localizada ao leste do território israelense, a oeste pelo Mediterrâneo e ao sul pelo Egito. Mais de dois milhões de palestinos vivem na região, com quase 6.000 habitantes por km² — uma das densidades populacionais mais altas do mundo.
Limitada ao norte e ao leste pelo território israelense, a oeste pelo Mediterrâneo e ao sul pelo Egito, a Faixa de Gaza é um território de 365 km², 41 km de comprimento e entre 6 a 12 km de largura. Mais de dois milhões de palestinos vivem na região, com quase 6.000 habitantes por km² — uma das densidades populacionais mais altas do mundo.
A Faixa de Gaza é dominada pelo grupo terrorista Hamas.
A Hamas é um acrônimo do que o grupo pretende ser, “um movimento de resistência islâmico”. Fundado em 1987, durante a primeira Intifada - ou revolta palestina -, o grupo tem uma mista atuação entre organização política social e força armada. Desde 2007, controla a região da Faixa de Gaza após vencer as eleições em 2006. Com o domínio, iniciou uma espécie de golpe de estado, expulsando políticos moderados da Faixa de Gaza. Nenhuma eleição foi realizada desde então.
Muitos dos países ocidentais consideram o Hamas como uma organização terrorista. Caso dos Estados Unidos, Canadá, Japão, Reino Unido e os países-membros da União Europeia. China, Rússia e Brasil, assim como Noruega e Suiça, que buscam ocupar espaço de mediadores nas negociações, evitam a denominação.
Para manter a sua atuação, tanto militar como social na região da Faixa de Gaza, o Hamas conta com o apoio de países da região. Segundo informações, o Catar é o principal financiador, ao lado de aliados estrangeiros.
Conhecido por suas riquezas petrolíferas e minerais, o país da península arábica contribui pagando salários das organizações civis do Hamas, como escolas, orfanatos, restaurantes populares e clubes esportivos, de acordo com a publicação alemã DW.
No passado, outra importante base de suporte financeiro veio do Irã. Com as sanções econômicas que o país sofreu na última década, o fluxo de capital de diminuiu. Cerca de 25% do faturamento da Hamas já teve como origem o país comandado pelo aiatolá Ali Khamenei.
O Irã é ainda um forte apoiador político das práticas do Hamas. No sábado, Rahim Safavi, conselheiro de Khamenei, parabenizou o grupo e disse que o Irã estará ao lado dos palestinos “até a libertação de Jerusalém".
Já o Catar pediu para que Israel e Hamas parem com a escalada do ataque, em comunicado. No texto, o governo catari responsabiliza Israel pelos ataques e cita “violações ao povo palestino”.
Apoiado pelo Irã, o grupo libanês Hezbollah é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos, União Europeia e o Conselho de Cooperação do Golfo.
Inimigo jurado de Israel, o grupo armado enfrentou uma guerra contra o país em 2006. Ela durou pouco mais de um mês e deixou cerca de 1.200 mortos no Líbano e 160 em solo israelense.
Agora, após o ataque na Fazenda Shebaa e o comunicado em apoio aos bombardeiros de sábado, o Hezbollah reafirma sua aliança ao Hamas.
Não, Israel não faz parte da Otan. O país, porém, é aliado dos Estados Unidos, uma das maiores potencias militares do mundo. O presidente americano, Joe Biden, prometeu um apoio 'inabalável' a Israel após ataque do Hamas.