A comissão recomenda, como política para combate às drogas, "o fim da criminalização e marginalização dos usuários que não ofereçam risco a outras pessoas" (Uriel Sinai/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 3 de junho de 2011 às 11h01.
São Paulo - A guerra global contra as drogas fracassou e teve consequências devastadoras para indivíduos ao redor do mundo. A avaliação é de uma comissão de líderes de vários países, sob comando do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, divulgada ontem em Nova York.
"Gastos com medidas repressivas contra os produtores, traficantes e consumidores de drogas ilegais claramente fracassaram para conter a oferta e o consumo. Aparentemente, as vitórias para eliminar fonte ou organização traficante são irrelevantes diante da emergência instantânea de outras fontes de traficantes. Esforços para combater o consumo impedem medidas de saúde pública para reduzir a incidência de AIDS e mortes por overdose", diz o comunicado.
Entre os integrantes da comissão estão figuras como o ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, o Nobel de literatura peruano, Mario Vargas Llosa, o ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) Paul Volcker, o ex-secretário de Estado americano George Shultz e ex-presidentes de países como México e Colômbia.
A comissão recomenda, como política para combate às drogas, "o fim da criminalização e marginalização dos usuários que não ofereçam risco a outras pessoas; questionar, em vez de reforçar, conceitos errados sobre o uso de drogas; encorajar experimentos de governos com modelos de regulação das drogas para minar o crime organizado e garantir a saúde e a segurança dos cidadãos". Segundo o grupo, a recomendação aplica-se especialmente à maconha, mas também se aconselha "experimentos de descriminalização para outras drogas".