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Guernica relembra os 80 anos do bombardeio nazista

Representantes de associações e instituições colocaram flores no cemitério de Zollo para recordar a tragédia, imortalizada por Picasso em seu famoso quadro

Guernica: segundo os historiadores, entre 150 e 300 pessoas morreram neste ataque dos nazistas, aliados do general Francisco Franco (AFP/AFP)

Guernica: segundo os historiadores, entre 150 e 300 pessoas morreram neste ataque dos nazistas, aliados do general Francisco Franco (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 26 de abril de 2017 às 17h42.

Centenas de pessoas homenagearam nesta quarta-feira em Guernica, no País Basco, as vítimas do bombardeio nazista sobre esta cidade há exatamente 80 anos, durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939).

A comemoração ocorreu às 16H30 locais (11H30 de Brasília), hora em que os aviões da Legião Condor começaram a bombardear esta pequena localidade do norte da Espanha.

Representantes de associações e instituições colocaram flores no cemitério de Zollo para recordar a tragédia, imortalizada por Pablo Picasso em seu famoso quadro "Guernica", a principal obra de uma exposição no museu Rainha Sofia, de Madri.

"Caiu sobre nós uma chuva de fogo, sangue e morte", recordou um sobrevivente do bombardeio, Luis Iriondo, de 94 anos, que contou sua experiência diante de 200 pessoas no cemitério, onde há um monumento às vítimas deste ataque.

Iriondo falou sobre as guerras no mundo, mencionando o atual conflito na Síria e as tensões com a Coreia do Norte.

"Se tivessem sofrido como eu, não fariam coisas assim", disse Sabino Iza Badiola, referindo-se a alguns dirigentes mundiais.

Tinha oito anos quando houve o bombardeio de Guernica, aonde havia ido fazer compras com sua mãe.

Pouco antes, na mesma hora em que os primeiros aviões sobrevoaram a cidade, as sirenes anti-áreas e os sinos soaram, como houve em 26 de abril de 1937 para alertar a população.

Segundo os historiadores, entre 150 e 300 pessoas morreram neste ataque dos nazistas, aliados do general Francisco Franco.

"Foi horrível, só posso dizer" isso, contou à AFP Rosi Nebreda, de 88 anos, que neste dia se escondeu em um refúgio com suas irmãs e sua mãe.

"Só se ouvia o ruído das bombas. Quando saímos estava tudo ardendo em Guernica", recorda esta mulher, durante um evento organizado junto com outros sobreviventes e, inclusive, com dois descendentes de integrantes alemãs da Legião COndor, convidados em nome da reconciliação.

E os sobreviventes "não expressam um sentimento de amargura ou de ódio com os alemães, mas tentam entender, aprender, compreender o que houve", explica Andreas Schäfter, coordenador da fundação Gernika Gogoratuz.

"Parece que é um dever para quem vive aqui", ir à comemoração, declarou à AFP Nieves Onaindia, uma professora de 63 anos, proveniente de um povoado vizinho, Mendata.

"É importante recordá-los por causa das gerações seguintes, para que isso não volte a acontecer", acrescentou.

Em outros lugares da cidade, as pessoas se reuniram para recordar o ataque, um dos primeiros contra a população civil durante a guerra espanhola.

A prefeitura de Guernica, que conta com 17.000 habitantes, organizou uma semana de atividades vinculadas à data, com conferências e debates, além de eventos artísticos sobre o tema da paz e das migrações forçadas.

Pela manhã, a cidade entregou um prêmio de paz ao presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e ao líder das Farc, Rodrigo Londoño, pelo acordo alcançado no ano passado que colocou fim a 50 anos de conflito no país.

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