Pérez Molina: o presidente guatemalteca decidiu suspender temporariamente qualquer tipo de relação com o BNDES (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 23 de dezembro de 2014 às 05h50.
Cidade da Guatemala - O presidente da Guatemala, Otto Pérez Molina, garantiu nesta segunda-feira que suspendeu todas as relações de seu governo com o BNDES, até que sejam esclarecidas as denúncias de corrupção envolvendo seu partido político, divulgadas na semana passada no Brasil.
Pérez Molina, que chegou ao poder com o Partido Patriota (PP) em 2012, explicou em um pronunciamento público nesta segunda-feira que ordenou ao ministro das Finanças da Guatemala, Dorval Carías, suspender temporariamente qualquer tipo de relação com o BNDES.
Documentos apreendidos pela Polícia Federal na empresa OAS, investigada dentro do caso de corrupção na Petrobras, indicam que a construtora doou US$ 1 milhão ao pré-candidato governista à presidência da Guatemala para as eleições de 2015, Alejandro Sinibaldi.
De acordo com anotações escritas à mão em documentos encontrados em um dos escritórios do presidente de OAS, José Aldemario Pinheiro Filho, o dinheiro foi entregue em 20 cotas de US$ 50 mil dólares ao publicitário espanhol Antonio Solá para a campanha política de Sinibaldi nas eleições de 2015 na Guatemala.
O pré-candidato presidencial do PP, que ocupou o cargo de ministro das Comunicações durante o atual governo, negou que sua campanha tivesse recebido dinheiro da empreiteira brasileira e reiterou hoje sua inocência em declarações aos jornalistas.
O BNDES financiou a ampliação de uma rodovia na Guatemala pelo total de US$ 400 milhões, cujo empréstimo foi aprovado em outubro de 2012, quando Sinibaldi era ministro das Comunicações.
Pérez Molina explicou que sua decisão tem como objetivo "evitar mal-entendidos".
A imprensa da Guatemala divulgou na última semana uma suposta conexão entre o financiamento da estrada com OAS.
Sinibaldi confirmou que solicitou à Chancelaria guatemalteca que entrasse em contato com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil para esclarecer as acusações.
Antonio Solá, suposto assessor de Sinibaldi, foi um dos diretores da campanha que levou Pérez Molina a ganhar as eleições de 2011 com o PP.
"Não tenho nenhum vínculo com essa empresa. Este é um tema do senhor Antonio Solá. Quem tem que responder é ele. Se tivesse sido um doação (de campanha), teria sido declarada", afirmou Sinibaldi.
O pré-candidato governista, de 43 anos, explicou também que Solá não é assessor de sua campanha e, além disso, reiterou que não existe relação com o publicitário espanhol e "muito menos para que recolha dinheiro em meu nome".
Em um dos documentos apreendidos pela Polícia Federal na empresa OAS, aparece o título "GUAT" junto ao nome de "Alejandro Sinibaldi" e as palavras "desvinculação" e "eleições Nov/2015", em uma suposta alusão à saída do político do Ministério das Comunicações para disputar o pleito do próximo ano.
A Guatemala elegerá no segundo semestre do ano que vem seu presidente para o período 2016-2020.
Os documentos também fazem referência a uma suposta doação para o atual presidente da Costa Rica, Luis Guillermo Solís, que também negou qualquer envolvimento com o caso.