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Guarda Nacional dos EUA, uma rede de soldados e cidadãos

A Guarda Nacional é uma rede de reservistas com um papel crucial há séculos em confrontos ou catástrofes naturais


	Militares enviados a Ferguson, para conter distúrbios após assassinato de jovem negro
 (Michael B. Thomas/AFP)

Militares enviados a Ferguson, para conter distúrbios após assassinato de jovem negro (Michael B. Thomas/AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de agosto de 2014 às 13h28.

Washington - A Guarda Nacional americana é uma rede de reservistas com um papel crucial há séculos em confrontos ou catástrofes naturais, e também no exterior, como no Iraque ou no Afeganistão.

Na segunda-feira, unidades deste corpo chegaram ao Missouri (centro) para ajudar a polícia nas ruas de Ferguson, um subúrbio de St. Louis abalado pela morte de um jovem negro pelas mãos da polícia há mais de uma semana.

Seja para ajudar as vítimas do furacão Katrina em Nova Orleans em 2005, realizar operações antiterroristas no exterior ou controlar manifestantes contrários à guerra na década de 1970, a Guarda Nacional cumpriu um papel de destaque em diversas ocasiões.

Suas raízes remontam ao século XVII, antes da independência dos Estados Unidos, e depois o grupo serviu para combater os britânicos. A Constituição concedeu a eles mais prerrogativas e seus membros combateram durante a Guerra de Secessão, a I Guerra Mundial e outros conflitos.

Em 1933, o Congresso os agrupou em um sistema nacional que reunia uma base de militares na reserva.

A Guarda Nacional conta hoje com 460.000 homens, a maioria reservistas, professores, agricultores, engenheiros, etc., que se comprometem a servir "um fim de semana por mês, duas semanas por ano".

Mas estes reservistas foram chamados com frequência desde o 11 de setembro de 2001 para missões às vezes de um ano inteiro.

Além disso, seu papel evoluiu: já não constituem uma simples reserva estratégica, mas passaram a ser uma força operacional nos confrontos.

Mais de 700.000 homens realizaram missões no Iraque e no Afeganistão e 497 guardas nacionais morreram na "guerra contra o terrorismo".

"Muitos membros da Guarda Nacional passaram tanto tempo em serviço ativo desde o 11 de setembro que quase não se distinguem dos soldados normais em termos de atitudes militares", destaca Charles Dunlap, diretor do Centro para a Lei, a Ética e a Segurança Nacional da Faculdade de Direito da Universidade de Duke.

Papel de apoio

"As técnicas de combate e o equipamento que uma brigada de combate precisa para obter resultados no Afeganistão também permite responder a uma catástrofe natural nos Estados Unidos", acrescenta o porta-voz da instituição, Rick Breitenfeldt.

Estas atitudes ficaram em evidência em 2005, quando o furacão Katrina atingiu a Louisiana (sul): mais de 50.000 membros da Guarda Nacional foram mobilizados, no que constituiu uma das operações mais importantes da história em solo americano.

Protagonizaram operações de busca, resgate, limparam estradas, distribuíram alimentos e ajudaram a polícia a manter a ordem depois que o furacão semeou o caos em Nova Orleans.

Anos antes, estas unidades já haviam ganhado notoriedade durante confrontos pelos direitos civis. Em 1957 o governador do Arkansas (sul) convocou membros da Guarda Nacional para impedir que estudantes negros entrassem na escola central de Little Rock.

Pelo contrário, o presidente Dwight Eisenhower federalizou a Guarda Nacional do Arkansas e a utilizou para acabar com a segregação na escola.

A guarda também interveio durante os confrontos em Los Angeles em 1964, em Washington em 1968, depois do assassinato de Martin Luther King, e em 1992, também em Los Angeles, em confrontos por motivos raciais.

A Guarda Nacional viveu seu período mais obscuro em 1970, quando seus membros mataram quatro estudantes desarmados na universidade de Kent, em Ohio, que protestavam contra a Guerra do Vietnã.

Dunlap insistiu que em Ferguson a Guarda Nacional teria apenas um papel de apoio à polícia.

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