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Guaidó promete multidão na fronteira caso Maduro proíba ajuda humanitária

Militares aliados ao governo Maduro fecharam nesta quarta-feira a ponte na fronteira com a Colômbia

Venezuela: "O ingresso de ajuda humanitária pretende atender cerca de 300 mil pessoas que correm o risco de morrer nas próximas semanas", disse Guaidó (Edilzon Gamez/Getty Images)

Venezuela: "O ingresso de ajuda humanitária pretende atender cerca de 300 mil pessoas que correm o risco de morrer nas próximas semanas", disse Guaidó (Edilzon Gamez/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de fevereiro de 2019 às 14h42.

São Paulo - O líder opositor venezuelano Juan Guaidó, que se declarou presidente interino do país em janeiro, disse nesta quinta-feira, 7, em entrevista ao diário uruguaio El País que a estratégia da oposição, caso o presidente Nicolás Maduro não permita a entrega de ajuda humanitária à Venezuela, será reunir o máximo de pessoas possíveis na fronteira para solicitar a entrada de alimentos e remédios no país.

"O ingresso de ajuda humanitária pretende atender cerca de 300 mil pessoas que correm o risco de morrer nas próximas semanas sem acesso a remédios e alimentos", disse Guaidó. "Nosso objetivo é garantir o acesso dessa população a esses insumos. Isso significa mobilizar centenas de milhares de venezuelanos em territórios próximos aos pontos de entrega."

Líderes da oposição já disseram publicamente que o objetivo político da mobilização da ajuda humanitária é forçar os militares, principalmente da cúpula, a romper com o chavismo.

"Faço um chamado às Forças Armadas: em poucos dias poderão escolher se estão do lado de alguém cada vez mais isolados ou se acompanharão os milhares de venezuelanos que precisam de comida e remédios", disse Guaidó no Twitter.

Com isso, o líder chavista terá de lidar com uma escolha difícil: negar a ajuda, prejudicando ainda mais seu isolamento internacional, ou aceitá-la, concedendo uma vitória política à oposição. Nas duas opções, ainda de acordo com especialistas, ele sai enfraquecido.

"É uma situação similar à expulsão de diplomatas da embaixada americana: se ele interromper ou impedir a entrada da ajuda, atacando os comboios americanos, seria um ato hostil. Se ele permite a entrada da ajuda, reconhece que está debilitado politicamente", disse ao jornal O Estado de S. Paulo Luis Vicente León, do Instituto Datanalisis. "É um dilema nada fácil. A estratégia da oposição é colocá-lo cada vez mais perto de perder apoios e de reconhecer sua própria debilidade."

Na quarta-feira, 6, militares fecharam a passagem na ponte de Tienditas, que liga as cidades de Cúcuta, na Colômbia, e Ureña, na Venezuela, com o auxílio de uma cerca improvisada e de carrocerias de caminhões. Maduro nega a possibilidade de aceitar ajuda internacional, considerando-a uma "desculpa" para iniciar uma intervenção militar.

Entidades de ajuda humanitária, como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, pediram na quarta-feira que a entrega de alimentos e remédios não seja politizada pelos envolvidos na crise.

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