Venezuela: a Venezuela está mergulhada na pior crise econômica de sua história moderna, com uma contração do PIB de 47,6% (Manaure Quintero/Reuters)
AFP
Publicado em 2 de junho de 2019 às 10h14.
Caracas — O líder opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por meia centena de países, previu neste sábado (1) que o presidente Nicolás Maduro deixará o poder antes do fim do ano.
Durante um comício na cidade de Pedraza (estado de Barinas, oeste), Guaidó disse que "foram anos para construir a maioria" opositora para chegar ao cenário atual, que considera definitivo para conseguir o "cessar da usurpação" do poder por Maduro.
"Já estamos em um momento de definições, momento de avanços, de ações", afirmou o líder do Parlamento, único poder nas mãos da oposição.
Desde que se proclamou presidente interino, em 23 de janeiro, Guaidó encabeça a chamada Operação Liberdade, uma via que busca destituir Maduro, estabelecer um governo de transição e convocar eleições livres.
"Isto não começou em 2019, mas digo a vocês: vai, sim, terminar em 2019, com a graça de Deus", acrescentou o parlamentar, que desde a sexta-feira visita a região das planícies venezuelanas.
Guaidó aceitou a mediação da Noruega para explorar uma saída negociada à queda de braço com Maduro, que se mantém agarrado ao poder com o apoio de militares, Rússia e China.
Entre segunda e quarta-feira passadas, as partes mantiveram um encontro frente à frente em Oslo que, segundo o legislador, terminou "sem acordo".
Em meados de maio, mantiveram contatos em separado com o governo norueguês.
Apoiado por Washington, o opositor reiterou que "todas as opções estão sobre a mesa", sem descartar uma intervenção militar americana, após estabelecer contatos com o Pentágono.
Mais cedo, Guaidó, que na sexta-feira visitou Sabaneta de Barinas, berço do falecido ex-presidente Hugo Chávez (1999-2013), afirmou que Maduro "está derrotado" e que sua saída do poder se aproxima.
"Não se importam com nosso povo, se importam em roubar os reais para ver como se mantêm aí (...) Eles já perderam, estão derrotados", disse Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por meia centena de países, durante manifestação da oposição no estado de Barinas (oeste).
O opositor faz uma visita às planícies venezuelanas. Na sexta-feira, esteve em Sabaneta de Barinas, berço do falecido ex-presidente Hugo Chávez (1999-2013), para seguir exigindo que Maduro cesse a "usurpação" do poder.
"Digo-lhes com propriedade: o 'quando' (o presidente vai sair) está muito perto porque estamos determinados e decididos a continuar lutando pelo nosso país", afirmou o líder do Parlamento, de maioria opositora, na localidade de Socopó.
Entre vivas e aplausos de várias centenas de pessoas, Guaidó destacou que "sobram razões" para protestar, como a escassez de gasolina, a falta d'água e os prolongados apagões que se aprofundam desde março no interior do país.
A Venezuela está mergulhada na pior crise econômica de sua história moderna, com uma contração do PIB de 47,6% durante o governo Maduro e uma inflação que, segundo cifras oficiais, atingiu os 130.060% em 2018, mas que, segundo o FMI, chegará a 10.000.000% este ano.
Para Winston Bayona são quase insuportáveis as quilométricas filas para abastecer com gasolina e a escassez do combustível se aprofundou em meados de maio nas províncias devido a uma queda no refino e à falta de divisas para importar o que falta.
"Quase não se aguenta mais a situação que vivemos", disse à AFP o mecânico de 50 anos, que optou por se deslocar em moto e bicicleta para economizar combustível.
Em uma tentativa de resolver a crise, Guaidó - que assegurou na sexta-feira "seguir em todos os terrenos de luta" - aceitou diálogos exploratórios com o governo de Maduro sob a mediação da Noruega.
Entre a segunda e a quarta-feira passadas, as partes celebraram um primeiro encontro frente à frente em Oslo que, segundo Guaidó, terminou "sem acordo".
Em meados de maio, mantiveram contatos em separado com o governo do país europeu.
Elda Martínez, bibliotecária do departamento (estado) de Barinas, vê as conversas como uma possibilidade de resolver o conflito, desde que se mantenham os protestos.
"Precisamos que nosso presidente Guaidó e o ditador cheguem a um acordo para que possamos sair desta crise, mas devemos continuar na rua", disse Martínez, de 54 anos, à AFP.
Desde que se proclamou presidente interino, em 23 de janeiro, depois que o Parlamento declarou ilegítima a reeleição de Maduro, Guaidó lidera manifestações multitudinárias nas quais chama os militares a darem as costas ao presidente socialista.
Mas suas convocações tiveram uma fraca repercussão desde que um pequeno grupo de militares liderou um levante em 30 de abril.