Juan Guaidó: "Se os americanos propusessem uma intervenção militar, eu provavelmente aceitaria" (Manaure Quintero/Reuters)
Reuters
Publicado em 10 de maio de 2019 às 08h38.
Milão - O líder da oposição da Venezuela, Juan Guaidó, disse nesta sexta-feira (10), que está disposto a aceitar uma intervenção militar dos Estados Unidos para ajudar a resolver a situação de emergência política no país.
"Se os americanos propusessem uma intervenção militar, eu provavelmente aceitaria", disse Guaidó em uma entrevista ao jornal italiano La Stampa.
Guaidó acusa o presidente Nicolás Maduro de já ter passado todas as "linhas vermelhas" e cita como exemplo a detenção do deputado Edgar Zambrano, que qualifica de sequestro absurdo.
Familiares de parlamentares da Assembleia Nacional da Venezuela - opositores do regime que são acusados e detidos - contam que perdem o contato com eles após a prisão.
Nas últimas horas, foram registrados pedidos de abrigo de políticos em embaixadas estrangeiras. Agências de notícias informaram que o deputado Américo de Grazia refugiou-se na embaixada italiana.
Este não é o primeiro integrante do governo de Maduro a pedir abrigo. O deputado, Richard Blanco já tinha procurado refugio na embaixada da Argentina.
Esses deputados fazem parte de um grupo de dez, de quem o Supremo Tribunal retirou a imunidade parlamentar, depois de terem manifestado apoio ao autoproclamado presidente Juan Guaidó.
O pedido de refúgio dos dois parlamentares ocorre depois da prisão de Edgar Zambrano, vice-presidente da Assembleia Nacional, de quem também tinha sido retirada a imunidade.
Do lado do presidente Nicolas Maduro, o presidente da Assembleia Constituinte, Diosdado Cabello, advertiu os países que condenaram a detenção, na quarta-feira (8), do vice-presidente do Parlamento, Edgar Zambrano, para que não se intrometam nos assuntos internos venezuelanos.
Acrescentou que haverá novas medidas contra outros políticos venezuelanos, além dos parlamentares opositores dos quais a Assembleia Constituinte retirou a imunidade.Estados Unidos
O secretário de Estado dos Estados Unidos (EUA), Mike Pompeo, exigiu, nessa quinta-feira (9) à noite, a "libertação imediata" do vice-presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Edgar Zambrano.
"Este é um ataque à independência do Poder Legislativo democraticamente eleito e faz parte dos constantes ataques do regime (do presidente Nicolás) Maduro para esmagar o livre debate na Venezuela", declarou Pompeo, em comunicado.
O chefe da diplomacia norte-americana disse que a "detenção arbitrária" do vice-presidente do Parlamento é "um ato inaceitável e ilegal que reflete, mais uma vez, a repressão do regime de Maduro".
"Zambrano deve ser libertado imediatamente", afirmou.
A declaração Pompeo foi dada um dia depois de aviso da embaixada virtual dos EUA em Caracas, que prometeu, em mensagem no Twitter, que "haverá consequências" se o parlamentar não for libertado.
"A detenção arbitrária de Edgar Zambrano pelas forças de segurança opressivas de (Nicolás) Maduro é ilegal e imperdoável", disse a embaixada, cuja sede está na capital norte-americana.
A conta oficial da embaixada no Twitter é administrada pelo Departamento de Estado norte-americano, em Washington.
Na última quarta-feira, ao fim do dia, Zambrano foi detido por funcionários do Serviço Bolivariano de Inteligência da Venezuela (Sebin, serviços secretos) quando se encontrava dentro do seu carro, à porta da sede do partido Ação Democrática, em Caracas.
Como se recusou a sair do carro, a polícia rebocou o carro para a prisão do Sebin, denominada Helicoide.