Haiti: Desde o fim de fevereiro, grupos atacam pontos estratégicos de Porto Príncipe (AFP/AFP Photo)
Agência de notícias
Publicado em 2 de abril de 2024 às 09h06.
Última atualização em 2 de abril de 2024 às 12h42.
Os grupos criminosos que controlam grande parte da capital haitiana, Porto Príncipe, lançaram nesta segunda-feira, 1, um ataque no centro da cidade, onde enfrentaram a polícia.
Os disparos ocorreram na área do Campo de Marte, grande parque público próximo ao Palácio Nacional, antiga residência presidencial haitiana, informaram moradores. Quatro policiais ficaram feridos, segundo o Miami Herald.
Desde o fim de fevereiro, grupos atacam pontos estratégicos de Porto Príncipe, como delegacias, prisões, o aeroporto e o porto, em uma disputa com o primeiro-ministro, Ariel Henry, muito questionado devido ao aumento da violência e por ter chegado ao poder sem se submeter ao voto popular.
No mês passado, Henry anunciou que iria entregar o poder a um conselho presidencial de transição. Três semanas depois, o país ainda aguarda a nomeação desse conselho de nove membros, cuja criação foi supervisionada pela Comunidade do Caribe (Caricom).
Em comunicado divulgado hoje, o Executivo de Henry explica que não pôde nomear o conselho presidencial porque a Constituição haitiana não prevê a sua existência, motivo pelo qual o governo pediu ao presidente interino da Caricom o envio de um rascunho de decreto para criar o conselho.
Recebido pelo atual conselho de ministros, o documento foi enviado a juristas para a sua revisão, segundo o comunicado.
Mais de 50 mil pessoas fugiram da área metropolitana de Porto Príncipe em três semanas buscando segurança diante da violência das gangues que atinge a capital do Haiti, anunciou nesta terça-feira (2) a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Entre 8 e 27 de março, 53.125 pessoas deixaram a cidade, somando aos 116.000 deslocados que haviam fugido nos meses anteriores, indicou a OIM em um comunicado à imprensa.
Grande parte dos que fugiram de Porto Príncipe em março foram para o sul, segundo a organização, e a maioria relatou que estava indo "devido à violência e à insegurança".
"É importante destacar que (as outras) províncias não possuem infraestrutura adequada e as comunidades que recebem esses deslocados em massa da capital não têm recursos suficientes para lidar com esses fluxos", acrescenta o comunicado.
Desde o final de fevereiro, as gangues do Haiti se uniram para atacar violentamente delegacias, prisões, o aeroporto e o porto da cidade em uma disputa contra o controverso primeiro-ministro, Ariel Henry.
A situação desencadeou uma grave crise humanitária, com escassez de alimentos e um colapso quase total das infraestruturas de saúde no país mais pobre das Américas.
Apenas no primeiro trimestre de 2024, até 22 de março, 1.554 pessoas morreram e 826 ficaram feridas devido à violência das gangues, conforme relatado pela ONU na semana passada.
Henry, que chegou ao poder sem passar por eleições populares após o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em 2021, anunciou em 11 de março que renunciaria para ceder o poder a um conselho de transição.
No entanto, a designação desse grupo de nove pessoas tem sido adiado por discordâncias internas e supostas dúvidas legais do governo anterior.