Imigração: "É difícil deixar El Salvador, mas não queremos voltar pela situação que vivemos", contou o migrante (Mohammed Salem/Reuters)
EFE
Publicado em 16 de janeiro de 2019 às 14h13.
San Salvador - Um grupo de pelo menos 100 salvadorenhos, entre eles menores de idade e mulheres, partiu nesta quarta-feira com rumo aos Estados Unidos em caravana, somando-se aos mais de 3 mil migrantes de El Salvador que começaram desde outubro do ano passado uma viagem ao país governado por Donald Trump.
A caravana, cuja convocação foi feita através das redes sociais, saiu por volta das 07h10 (horário local, 11h de Brasília) da praça El Salvador del Mundo, onde alguns chegaram na noite de ontem.
Os salvadorenhos pretendem alcançar os mais de 700 migrantes que saíram na última segunda-feira de Honduras e ontem cruzaram a fronteira com a Guatemala com o objetivo de chegar aos EUA, apesar das fortes medidas de segurança implementadas nas fronteiras por ordens de Trump.
A caravana, a primeira a sair em 2019 e no dia em que é lembrado o 27º aniversário do Acordo de Paz que deu fim a 12 anos de guerra civil (1980-1992) em El Salvador, é acompanhada por agentes da Polícia Nacional Civil (PNC).
Um dos integrantes da caravana, que quis ser identificado simplesmente como Armando, disse à Agência Efe que tomou a decisão de viajar com um grupo de familiares, integrada por oito pessoas - entre elas dois menores de idade -, pela "falta de oportunidades no país".
"Este país é bom para as pessoas que têm dinheiro e vivem cômodas, mas nós pobres temos que sair. É difícil deixar El Salvador, mas não queremos voltar pela situação que vivemos", contou o migrante.
Antes de partir rumo aos EUA, os salvadorenhos foram abordados por membros da Procuradoria para a Defesa dos Direitos Humanos (PDDH) e da Direção Geral de Migração e de estrangeiros (DGME), que entregaram mapas e informações sobre albergues aos quais podem comparecer.
A vice-ministra para Salvadorenhos no Exterior, Liduvina Magarín, também chegou à praça El Salvador del Mundo para advertir os migrantes sobre os riscos que podem enfrentar no caminho até os EUA.
"Nosso trabalho é desestimular a migração e oferecer as oportunidades que, como governo de El Salvador, estamos oferecendo. No entanto, estas pessoas já decidiram sair do país e nunca é demais adverti-los de que os EUA não os deixarão entrar", disse a vice-ministra.
Liduvina afirmou que nenhum dos milhares de migrantes que em outubro do ano passado empreenderam viagens em caravanas "conseguiu entrar nos EUA" e se encontram em Tijuana, no México, "esperando um processo que não se sabe quando vai se concretizar".