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Grupo anuncia decapitação de refém francês na Argélia

Grupo ligado ao Estado Islâmico, que sequestrou um francês na Argélia, divulgou vídeo mostrando sua decapitação

Hervé Gourdel, guia de montanha, sequestrado por jihadistas no domingo (AFP)

Hervé Gourdel, guia de montanha, sequestrado por jihadistas no domingo (AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de setembro de 2014 às 14h31.

Argel - O grupo ligado ao Estado Islâmico (EI) que sequestrou no domingo um francês na Argélia divulgou nesta quarta-feira um vídeo intitulado "Mensagem de sangue ao governo francês", mostrando a sua decapitação, em represália ao envolvimento de Paris nos ataques contra os jihadistas no Iraque.

Pouco antes da divulgação do vídeo, o primeiro-ministro francês Manuel Valls defendeu diante do Parlamento um engajamento militar na coalizão internacional antijihadista.

Em um primeiro vídeo difundido na segunda-feira, o grupo Jund al-Khilafa ("Os soldados do califado") reivindicou o sequestro de Hérve Gourdel, um guia de montanha de 55 anos, caso a França continuasse com seus ataques aéreos no Iraque, um ultimato rejeitado na terça-feira pelo presidente François Hollande.

O vídeo desta quarta-feira, postado em sites jihadistas, começa com imagens de Hollande na coletiva de imprensa durante a qual anunciou a participação da França nos ataques contra o EI no Iraque.

Em seguida, mostra o refém, de joelhos e com as mãos atadas atrás das costas, cercado por quatro homens armados e com os rostos cobertos.

Um dos homens lê uma mensagem em que denuncia a intervenção dos "cruzados criminosos franceses" contra os muçulmanos na Argélia, no Mali e no Iraque.

Vingança

Ele afirma que, ao final do prazo de 24 horas concedido à França para cessar sua "campanha contra o Estado Islâmico e salvar" seu cidadão, o grupo decidiu matá-lo "para vingar as vítimas na Argélia (...) e em apoio ao califado" proclamado pelo EI nas regiões sob seu controle no Iraque e na Síria.

A Argélia, que ainda não confirmou oficialmente seu assassinato, mobilizou nos últimos dois dias cerca de 1.500 soldados na Cabília (nordeste) para tentar encontrar Herve Gourdel.

O montanhista foi sequestrado 100 km a leste de Argel, em Tizi N'kouilal, numa encruzilhada no coração do parque nacional Djurdjuran, antigamente muito frequentado por turistas mas que se tornou santuário de grupos islâmicos armados a partir da década de 90.

A divulgação do vídeo acontece poucas horas após o EI lançar um apelo para matar cidadãos - principalmente americanos e franceses - de países pertencentes à coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos para combater este grupo jihadista.

A encenação de sua decapitação se assemelha ao assassinato dos dois jornalistas americanos sequestrados na Síria, James Foley e Steven Sotloff, e do ativista humanitário britânico David Haines por membros do EI nas últimas semanas.

Segurança nacional em jogo

O grupo Jund al-Khilafa ganhou destaque no final de agosto ao publicar um comunicado anunciando ter deixado a Al-Qaeda e jurando fidelidade ao EI, a quem prometeu "obedecer cegamente", segundo o texto.

A imprensa argelina informou nesta quarta-feira que o principal responsável pelo sequestro do turista francês seria um ex-conselheiro militar de Abdelmalek Drukdel, chefe da Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI).

O suspeito, Abdelmalek Guri, conhecido como Abu Khaled Salman, tem 37 anos e fazia parte de uma célula da AQIM envolvida nos ataques suicidas contra o palácio do governo e o edifício das Nações Unidas em Argel, em 2007.

Os caças franceses realizaram na sexta-feira os primeiros ataques contra posições do grupo EI no norte do Iraque.

Na terça-feira, o presidente François Hollande rejeitou o ultimato extremista e disse que a França continuará com as operações no Iraque, enquanto Valls garantiu que Paris prosseguirá com os ataques até que o exército iraquiano retome o controle da situação, considerando que "a segurança nacional está em jogo".

A justiça francesa abriu na terça-feira uma investigação "por sequestro relacionado a uma organização terrorista".

Hervé Gourdel era guia do parque nacional de Mercantour, ao norte de Nice, apaixonado por fotografia e vida selvagem.

Sobre sua decapitação, o Conselho francês do culto muçulmano (CFCM), a organização mais representativa da comunidade muçulmana francesa, declarou estar horrorizada e denunciou um "crime bárbaro".

Em seu texto, lido por telefone à AFP, "o CFCM se solidariza com a dor da família e de toda a Nação diante de um crime que merece ser punido de forma exemplar pela justiça de Deus e a dos homens".

*Atualizada às 14h31 do dia 24/09/2014

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