Rafael Correa: presidente equatoriano assegurou que "o Estado vai exercer a soberania em cada centímetro" do território (Rodrigo Buendia/AFP)
Da Redação
Publicado em 5 de maio de 2014 às 22h38.
Quito - O governo do Equador denunciou nesta segunda-feira que entre 200 e 300 pessoas com armas impediu uma diligência para verificar a presença na região amazônica desse país de três condenados por injúrias ao presidente Rafael Correa.
O Ministério do Interior declarou que os indivíduos, com lanças, facões e pedaços de paus e "em atitude ameaçadora", impediram que o diretor da Polícia Judiciária, Milton Zárate, e o procurador Fabián Salazar descessem dos helicópteros nos quais, acompanhados de policiais, tinham chegado à comunidade indígena de Sarayaku, na província amazônica de Pastaza, para comprovar a presença dos condenados.
Na cidade ocidental de Manta, o presidente equatoriano assegurou que "o Estado vai exercer a soberania em cada centímetro" do território.
"Não permitiremos a tragédia que aconteceu em países vizinhos", disse o governante, garantindo também que não permitirá a atuação de grupos armados, porque "é preciso respeitar a autoridade legitimamente constituída".
Os sentenciados são o opositor Cléver Jiménez, seu assessor Fernando Villavicencio e o médico Carlos Figueroa, os dois primeiros condenados a 18 meses de prisão e o terceiro a seis. A condenação foi imposta por lançarem acusações contra Correa, sem provas, em relação com os fatos ocorridos em 30 de setembro de 2010.
Nesse dia, o governante esteve retido durante várias horas em um hospital de Quito no meio de uma revolta policial que o governo considerou uma tentativa de golpe de Estado e os condenados lhe acusaram de ter se transferido às instalações de uma universidade para planejar seu resgate e retornar depois ao hospital para ser libertado.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), à qual recorreram os condenados, outorgou medidas cautelares em seu favor e reivindicou ao Estado equatoriano a suspensão da execução da condenação, mas o governo argumenta que o organismo não tem competência para fazer esta exigência.
A comunidade Sarayaku decidiu proteger os acusados em virtude das medidas da CIDH e, segundo um comunicado do Ministério do Interior, moradores da região evitaram hoje que a autoridade judicial e policial verificasse a presença dos três sentenciados.
Segundo o Ministério, perante a presença dos indivíduos armados, os helicópteros tiveram que abandonar a zona e não puderam conseguir seu objetivo, que era "dialogar e verificar pacificamente" a presença "dos três foragidos da Justiça".