Bandeira da Grécia: cerca de oito mil pessoas, se reuniram ao meio-dia (hora local, 6h de Brasília) na entrada da Universidade de Atenas e percorreram as principais avenidas da capital até chegar ao parlamento (John Kolesidis/Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de setembro de 2013 às 16h14.
Atenas - Uma manifestação de milhares de professores deu início nesta segunda-feira na Grécia ao primeiro dia de uma semana de greves em protesto pela eliminação em massa de postos de trabalho no setor público, exigida pelos credores em troca do resgate financeiro do país.
Cerca de oito mil pessoas, de acordo com números da polícia de Atenas, se reuniram ao meio-dia (hora local, 6h de Brasília) na entrada da Universidade de Atenas e percorreram as principais avenidas da capital até chegar ao parlamento.
O plano da tríade composta por Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional prevê a demissão de 25 mil pessoas do setor público, tanto na administração como na educação.
Metade delas será despedida e as outras colocados no chamado 'pool de mobilidade laboral'. Este modelo prevê a mudança obrigatória de função ou a demissão até oito meses depois do aviso. Durante esse período, o trabalhador receberá 75% de seu salário, mas pode ser transferido para qualquer outro posto em que haja vaga ou ser despedido se ao fim do prazo não houver recolocação.
O primeiro dia de greve foi protagonizado pelos docentes do ensino público, com 90% de adesão, explicou a Agência Efe Eleni Zografaki, vice-presidente da Federação de Professores de Colégios Públicos (OLME).
'Ninguém esperava tal participação', comemorou Zografaki, que destacou a adesão total em vários colégios. Apesar do bom resultado, o vice reconhece que a participação deve diminuir, principalmente pela perda de salário dos docentes, que têm descontos entre 75 e 80 euros por dia não trabalhado.
Nas escolas privadas a adesão à greve foi menor, embora alta para os padrões desse setor, e ficou em 50%. 'Apesar das ameaças dos proprietários das escolas, a participação foi a maior em muitos anos', declarou Mijalis Kurutos, líder do sindicato de docentes de centros privados. As manifestações não se centraram só em Atenas, se estenderam também a outras cidades como Salonica e Yannina e Jania, na ilha de Creta.
Também os funcionários de escolas públicas se manifestaram hoje para protestar pelas possíveis demissões. Um enfrentamento entre a polícia e 300 funcionários em frente ao Ministério de Reforma Administrativa foi mostrado pelas cadeias locais de televisão. Já a paralisação de 24 horas convocada pela Confederação de Pequenas Empresas da Grécia (GSEVEE) no comércio de todo o país teve adesão desigual. 'A participação foi alta na periferia, mas em Atenas quase inexistente', admitiu o presidente da GSEVEE, Yorgos Kavazas.
Os membros da GSEVEE protestam contra a ameaça de confisco de bens dos pequenos empresários que estão com a contribuição à seguridade social atrasada há meses. Amanhã se somam à greve os médicos dos hospitais públicos, que convocaram uma paralisação de três dias, do mesmo jeito que os advogados de Atenas.
Na quarta e quinta-feira desta semana a Confederação dos Sindicatos de Funcionários Públicos (ADEDY), uma das duas grandes centrais sindicais do país convocou uma greve de 48 horas em todos os setores da função pública. A confederação de oposição, que se organiza em torno da esquerda radical SYRIZA chamou neste fim de semana os cidadãos a derrubar com greves o governo de coalizão de democratas-cristãos e socialistas.