As últimas greves atingiram empresas e agências do governo envolvidas no transporte de ônibus, nas ferrovias, na produção de alimento (John Moore/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 10 de fevereiro de 2011 às 16h51.
Cairo - Milhares de trabalhadores egípcios participaram de greves, ocupações e protestos por aumento de salários e melhores condições de trabalho na quinta-feira, colocando mais pressão sobre o governo do presidente Hosni Mubarak em um dia em que a renúncia dele parecia provável.
Até agora, os movimentos grevistas parecem ter um elemento de oportunismo, com os trabalhadores pressionando por suas demandas num momento em que o governo já está preocupado com os protestos contra Mubarak.
As mais de duas semanas de protestos antigoverno, porém, estimularam os trabalhadores egípcios a pressionar por antigas demandas.
"Essa pode ser a segunda onda desta revolução. E definitivamente ela cria uma nova realidade com qual terá de lidar qualquer governo futuro", disse Gamal Soltan, do Centro al-Ahram para Estudos Políticos e Estratégicos.
Na esperança de estabelecer elos com os trabalhadores descontentes, os ativistas pró-democracia afirmaram que estavam formando comitês cujo objetivo era organizar as greves, as passeatas e ocupações pacíficas de prédios estatais sem provocar respostas violentas das autoridades.
"Precisamos agir rápido e nos aferrar aos ganhos conquistados até agora", disse o ativista Yahya Metwaly na praça Tahrir, no Cairo, epicentro dos protestos.
As últimas greves atingiram empresas e agências do governo envolvidas no transporte de ônibus, nas ferrovias, na produção de alimentos, no setores têxtil, de eletricidade e petrolífero, entre outros.
Várias dezenas de operários bloquearam a entrada do túnel Saleh Salem, uma via importante do centro do Cairo, por volta do meio-dia, portando cartazes exigindo contratos melhores.
Cerca de 3 mil trabalhadores de uma empresa estatal de petróleo e gás da cidade portuária de Alexandria, no norte do país, também fizeram greve por salários e melhores condições de trabalho.
O jornal de propriedade do governo al-Ahram informou que um sindicato de advogados também protestou no Cairo na quarta-feira.
Funcionários da Telecom Egypt também se manifestaram.
Cerca de 150 funcionários temporários do aeroporto do Cairo exigiram contratos fixos e melhores condições de trabalho.