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Greve geral em Portugal contra plano de ajuste

Sindicatos querem mudança no orçamento que prevê corte nos salários e alta de impostos

Os sindicatos não querem que Portugal aceite ajuda do FMI e da UE (Patricia de Melo Moreira/AFP)

Os sindicatos não querem que Portugal aceite ajuda do FMI e da UE (Patricia de Melo Moreira/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2010 às 12h22.

Lisboa - Trabalhadores portugueses dos setores público e privado devem responder de forma massiva na quarta-feira a uma convocação de greve geral feita pelos dois principais sindicatos do país, unidos pela primeira vez em 20 anos para denunciar a austeridade imposta pelo governo sob pressão dos mercados.

Após os importantes movimentos sociais vividos por Grécia, Espanha e França, agora será a vez de Portugal, onde os sindicatos esperam "a maior greve da história" do país.

"A mobilização dos trabalhadores é enorme", garantiu na segunda-feira o secretário-geral do principal sindicato, CGTP, Manuel Carvalho da Silva.

No momento em que Portugal aparece como potencial novo alvo dos mercados e pode ser obrigado a solicitar uma ajuda financeira externa, assim como Grécia e Irlanda, o líder sindical instou o governo socialista de José Sócrates a rejeitar "a chantagem dos agiotas internacionais" e sua "receita de sacrifícios".

O Parlamento português prepara-se para votar de forma definitiva na sexta-feira um orçamento de austeridade sem precedentes, para cortar o déficit de 7,3% para 4,6% do PIB.

Este plano de ajuste inclui a diminuição de salários, alta de impostos e diminuição de benefícios sociais. Sua aplicação daria lugar a uma forte queda do poder aquisitivo em um país onde o salário mínimo é inferior a 800 euros.

"É inaceitável que os trabalhadores façam praticamente todos os sacrifícios", denunciou, por sua vez, João Proença, da UGT, central sindical historicamente próxima ao Partido Socialista.

"Não se pode aceitar que a primeira, segunda e terceira prioridade de Portugal seja seu déficit", acrescentou o sindicalista, lembrando que o índice de desemprego está em 10,9%.


Vários sindicatos se alinharam atrás da CGTP e da UGT e são anunciadas greves nos bancos, na imprensa, no setor petroleiro e nos transportes.

Por este motivo, foram cancelados mais de 500 voos. Os portos de Lisboa e Setúbal também podem ser paralisados.

Os deslocamentos serão muito complicados na capital, onde não está previsto nenhum serviço mínimo garantido nos transportes.

A última greve geral de Portugal ocorreu em maio de 2007 e foi organizada apenas pela CGTP, ligada ao Partido Comunista, para protestar contra a política de ajuste realizada pelo primeiro governo de Sócrates.

O líder dos sindicatos europeus, o britânico John Monks, chegou na segunda-feira a Lisboa para "ajudar na preparação" da manifestação e previu "muita agitação e greves gerais nos próximos meses" na Europa.

Afetado por um crescimento frágil nos últimos anos, Portugal possui uma dívida pública de 161 bilhões de euros (cerca de 220 bilhões de dólares), ou seja, mais de 82% de seu PIB.

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