O sindicato dos caminhoneiros decretou a paralisação depois que as empresas de transporte de carga se recusaram a pagar um aumento salarial de 30% (Juan Mabromata/AFP)
Da Redação
Publicado em 2 de julho de 2013 às 17h50.
Buenos Aires - A presidente Cristina Kirchner antecipou a volta do Rio de Janeiro a Buenos Aires, nesta quarta-feira (20), por causa de uma greve de caminhoneiros que paralisa a Argentina. Os sindicalistas exigem aumento salarial de 30% e redução do Imposto de Renda.
Cristina voltará a Buenos Aires logo após discursar, às18h, na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, informou o porta-voz da Presidência, Alfredo Scoccimarro. Ela chegou ao Rio de Janeiro nesta manhã, depois de participar da Cúpula do G20 (países com as maiores economias do mundo), em Los Cabos, México.
“Por trás das reivindicações econômicas existe uma queda de braço entre o líder sindical Hugo Moyano e o governo, do qual ele era, até recentemente, um dos maiores aliados políticos”, disse em entrevista à Agência Brasil o analista político Hector Stupenengo.
“A prioridade é defender os interesses de 40 milhões de argentinos”, disse o ministro do Interior e do Transporte da Argentina, Florencio Randazzo. Segundo ele, além de provocar desabastecimento nos postos de gasolina, a greve impediu a distribuição de gás a alguns hospitais, deixando os pacientes sem aquecimento em pleno inverno.
O secretário-geral adjunto do Sindicato dos Caminhoneiros, Pablo Moyano, disse que estava “decepcionado” com a falta de uma resposta positiva da presidente às exigências dele e prometeu parar a distribuição de combustíveis até sexta-feira (22). Ele acusou o governo de endurecer e não aceitar o pleito da “maioria dos trabalhadores argentinos”, de pagar menos impostos, para influenciar os resultados da escolha do novo líder da Confederação Geral do Trabalho da Argentina (CGT). Hugo Moyano, pai de Pablo e atual secretário-geral da CGT, disputa a reeleição em julho, sem apoio do governo.
Hugo Moyano ganhou poder no governo de Nestor Kirchner (2003-2007) - marido da atual presidente, morto há mais de um ano. Como aliado político, conseguiu fortalecer o Sindicato de Caminhoneiros, que representa vários setores – desde os motoristas de transporte de carga, passando por motoristas de veículos para transporte de dinheiro e correio, até o recolhimento de lixo. Uma greve do sindicato pode parar o país.
As relações dele com o governo começaram a esfriar, no momento em que manifestou aspirações políticas, ao dizer que chegou a hora de “um trabalhador ocupar a Presidência da Argentina”.
Na Argentina, os aumentos salariais são negociados entre trabalhadores e empresários e aprovados pelo governo. Desde 2007, quando modificou a fórmula de cálculo da inflação, o governo tem dito que o índice dos preços ao consumidor na Argentina não aumenta mais de 10% ao ano. Mas o Ministério do Trabalho tem concedido aumentos salariais superiores a 20% , que corresponde ao índice de inflação das consultoras privadas. Para 2012, elas estimam uma inflação de cerca de 30%.
O sindicato dos caminhoneiros decretou a paralisação depois que as empresas de transporte de carga se recusaram a pagar um aumento salarial de 30%. O governo diz que os líderes sindicais têm que resolver suas diferenças na mesa de negociações e que podem recorrer à Justiça, se necessário.