Os pilotos da Air France rejeitaram uma proposta da direção da companhia de suspender temporariamente o projeto da sua filial baixo custo Transavia, que deu origem ao conflito (Dominique Faget/AFP)
Da Redação
Publicado em 22 de setembro de 2014 às 17h31.
Paris - Os pilotos da Air France, há oito dias em greve, rejeitaram uma proposta da direção da companhia de suspender temporariamente o projeto da sua filial baixo custo Transavia, que deu origem ao conflito.
Nesta segunda-feira de manhã, o presidente do grupo AF-KLM, Alexandre de Juniac, propôs aos sindicatos suspender até dezembro o projeto para abrir a filial de baixo custo Transavia.
Em declaração à imprensa, a Air France afirmou que esta é uma "proposta final" para pôr fim à greve, que a empresa considera "infundada".
No entanto, o principal sindicato de pilotos da Air France denunciou a proposta como uma "última provocação", e "uma cortina de fumaça que não oferece mais garantias do que os anúncios anteriores e que não resolve problema algum".
O sindicato SNPL acusou Juniac de ser um "bombeiro piromaníaco", e de "ter apostado por uma diminuição da mobilização depois dos oito primeiros dias".
"A greve não enfraquece", e "ele (Juniac) tenta apagar o incêndio soprando as brasas", acrescentou a organização sindical.
"Uma provocação como esta é inaceitável, depois de oito dias de greves e de alertas sobre as ameaças que pesam sobre os empregos na França", afirma.
A greve mais longa desde 1998
Desde o dia 15, mais da metade dos aviões da Air France permanece em terra por causa da greve de pilotos, que é a mais longa na França em quase 16 anos.
De acordo com a direção da companhia, a paralisação está causando perdas "que podem chegar a 20 milhões de euros por dia".
A empresa prevê uma pequena melhora da situação na terça-feira, com 48% dos voos em operação, quando nesta segunda-feira foram apenas 42%.
No sábado, o SNPL anunciou a manutenção da greve até sexta-feira, dia 26, e não descartou ir além, caso persista a "situação de bloqueio".
Considerado pelos pilotos como o caminho aberto para a "transferência" os empregos franceses, a implantação da Transavia na Europa deve ser objeto de uma negociação antes do fim do ano, segundo a nova proposta da direção.
A Air France-KLM quer aumentar a frota da Transavia França de 14 para 37 aviões, e manifestou vontade de abrir novas bases de sua filial de baixo custo na Europa a partir de 2015, empregando pilotos com contratos de trabalho de outros países.
Haverá um diálogo para "dar aos pilotos as garantias necessárias", prometeu Juniac.
O governo francês fez vários apelo pelo fim da greve nos últimos dias.
O primeiro-ministro, Manuel Valls, disse nesta segunda-feira que a direção da Air France fez propostas "razoáveis" e pediu o fim da paralisação dos pilotos "o mais rápido possível".
"Hoje é necessário que o trabalho seja retomado", afirmou horas antes o secretário de Estado de Relações com o Parlamento, Jean-Marie Le Guen.
Seu homólogo dos Transportes, Alain Vidalies, havia pedido na véspera "um compromisso" entre direção e sindicatos.
"É necessária uma atitude positiva nesta situação. Caso contrário, creio que o futuro da empresa pode estar em jogo", disse o ministro, lembrando que a Air France, como as outras companhias aéreas tradicionais, enfrenta a concorrência de companhias de baixo custo e é "financeiramente frágil".
A Air France voltou a pedir desculpas a seus clientes em uma carta na qual que afirmou que compartilha sua "frustração" e seu "descontentamento".