Grécia: manifestação de hoje, que percorreu todo o centro de Atenas, contou com a participação de 50 mil pessoas, segundo sindicatos, e de 10 mil, de acordo com a polícia. (Yorgos Karahalis/Reuters)
Da Redação
Publicado em 18 de setembro de 2013 às 11h58.
Atenas - A Grécia viveu nesta quarta-feira seu terceiro dia consecutivo de greve com uma paralisação de boa parte do setor público e uma manifestação que reuniu milhares de pessoas no centro de Atenas.
Os protestos têm como alvo o compromisso firmado pelo governo com a troika, composta pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional, de colocar 12.500 funcionários públicos até o final do mês e mais uma quantidade ainda não definida até o final do ano em um esquema de mobilidade trabalhista.
Este modelo prevê a transferência e a demissão em um prazo de oito meses dos trabalhadores do setor público. Durante esse período, o funcionário receberá 75% de seu salário, mas pode ser transferido a qualquer outro posto no qual existam vagam ou ser despedido ao final dos oito meses se não encontrar ocupação.
A manifestação de hoje, que percorreu todo o centro de Atenas, contou com a participação de 50 mil pessoas, segundo sindicatos, e de 10 mil, de acordo com a polícia.
"Greve permanente até a vitória", era um dos lemas mais recorrentes nos cartazes do protesto, que terminou na emblemática praça Syntagma, sede do Parlamento e local habitual das manifestações que ocorrem em Atenas desde a eclosão da crise econômica há seis anos.
"Os professores necessitam nossa solidariedade em sua luta porque muitos deles acabarão sendo despedidos e outros transferidos necessariamente para outro posto", disse à Agência Efe uma estudante de 15 anos.
Um professor aposentado, que teve sua aposentadoria diminuída em 30% desde a assinatura do pacote de ajuste com a troika, disse que a "greve necessita do apoio de todo o povo, e sobretudo das pessoas que por enquanto ainda não se sentem ameaçadas.
"Amanhã ou depois poderá chegar a sua vez", sentenciou.
O presidente do sindicato de professores do ensino primário, Jaralambos Kókinos, afirmou à Efe que todas as seções de sua organização realizarão amanhã assembleias para debater a proposta da cúpula sindical de uma greve permanente.
Kokinos explicou que além da mobilidade trabalhista, outro problema grave é a precariedade econômica dos professores.
Como exemplo citou o caso dos professores primários que começam sua carreira com um salário bruto de 640 euros e a terminam com pouco mais de 1.500 euros.
Já o presidente do sindicato de funcionários de hospitais públicos, Stavros Kutsiubelis, lembrou que o Ministério da Saúde prevê o fechamento de todos os hospitais que têm menos de cem macas e que seus trabalhadores serão transferidos aos grandes hospitais para cobrir a falta de pessoal.
Isto faz parte de uma grande reforma da saúde que deverá fechar apenas em Atenas e Salônica oito hospitais e a conversão em centro de saúde de muitos outros.
O protesto das equipes médicas não é apenas com a passagem de 1.835 funcionários para a categoria de mobilidade trabalhista, mas contra toda a reforma da saúde, que entre outras medidas inclui que já não sejam obrigatoriamente atendidos os desempregados de longa duração.
A manifestação de hoje foi manchada pelo assassinato de um militante de esquerda por um neonazista ocorrido durante a madrugada em uma zona do Pireo.
O autor, que foi detido pouco depois, confessou ser membro do partido ultradireitista Amanhecer Dourado.
"Infelizmente não podemos falar hoje da tão importante greve dos professores, porque devemos falar de algo muito mais grave, o assassinato de um jovem e as tentativas de desestabilizar o Estado por parte do grupo criminoso Amanhecer Dourado", disse o líder da oposição e presidente do esquerdista Syriza, Alexis Tsipras.