Navio grego proveniente da ilha de Lesbos desembarca em porto da Turquia devolvendo 45 refugiados, como parte de acordo feito no âmbito da União Europeia (Reuters/Tuncay Dersinlioglu)
Da Redação
Publicado em 8 de abril de 2016 às 07h49.
A Grécia expulsou nesta sexta-feira para a Turquia um segundo grupo de migrantes, como parte de um acordo da União Europeia (UE) com Ancara.
Os 45 migrantes, que segundo uma fonte policial eram todos cidadãos paquistaneses, partiram da ilha de Lesbos a bordo de uma balsa turca.
Três ativistas foram detidos quando seguraram a âncora da balsa, para tentar impedir a saída do porto de Mitilene.
Outras 30 pessoas se reuniram no porto de Lesbos e gritaram frases como "Vergonha para a UE" e "Liberdade para os refugiados".
Nas próximas horas, outro grupo de 80 migrantes deve ser expulso de Lesbos.
De acordo com o governo grego, a operação envolve aqueles que não solicitaram asilo na Grécia.
"Qualquer pessoa que pede asilo sai da lista", afirmou uma fonte do Executivo à AFP.
Segundo os termos do acordo entre a UE e Ancara concluído no mês passado em Bruxelas, todos os imigrantes que chegaram de maneira irregular às ilhas gregas a partir da Turquia a partir de 20 de março correm o risco de expulsão.
O acordo também afirma que para cada refugiado sírio devolvido, a UE receberá outro sírio que está na Turquia, até atingir o limite de 72.000.
Em troca, a Turquia receberá uma ajuda de seis bilhões de euros e no mês de junho será suspensa a exigência de visto aos cidadãos turcos em viagens para a UE.
Na segunda-feira, o primeiro grupo de 202 migrantes foi expulso para a Turquia a partir das ilhas de Lesbos e Quios.
Diante da situação, muitos dos 3.000 migrantes bloqueados em Lesbos correram para apresentar pedidos de asilo, o que obrigou as autoridades gregas a adiar as expulsões para ter tempo de analisar as demandas individualmente.
O acordo foi muito criticado por diversas organizações, que o chamaram de "desumano".
Dezenas de migrantes bloqueados em Lesbos e na ilha de Samos, também próxima da Turquia, anunciaram o início de uma greve de fome para evitar a expulsão e pedir a reabertura das fronteiras nos Bálcãs.
Na Alemanha, a apresentação de novos pedidos de asilo registrou queda de 66%, com 20.000 pessoas cadastradas em março, contra 60.000 em fevereiro, anunciou nesta sexta-feira o ministro do Interior, Thomas de Maizière.
"Em dezembro eram 120.000 pessoas, em janeiro 90.000, em fevereiro 60.000 e agora em março 20.000", afirmou o ministro, poucas semanas depois do fechamento da rota migratória dos Bálcãs.
Em 2015 a Alemanha recebeu 1,1 milhão de solicitantes de asilo, depois que a chanceler Angela Merkel decidiu abrir as portas do país aos refugiados.