Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do FMI, em visita a Grécia em abril (.)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
Atenas - A apresentação das novas reformas que a Grécia deverá adotar para continuar recebendo as parcelas da ajuda financeira de 110 bilhões de euros da zona do euro e do Fundo Monetário Internacional (FMI) foi adiada para esta quinta-feira, após uma longa reunião entre o Governo e as instituições.
Tal como disseram hoje à Agência Efe fontes do Ministério de Finanças grego, em princípio não se esperam problemas para o desembolso do segundo lance dos empréstimos, de 9 bilhões de euros, previsto para setembro.
Mas é o terceiro lance, pela mesma quantia e previsto para dezembro, o que pode provocar riscos caso Atenas não acelere algumas reformas, de acordo com informações não-oficiais divulgadas ontem à imprensa.
Era esperada para hoje a apresentação do resultado da inspeção de um grupo de especialistas da Comissão Europeia - órgão executivo da União Europeia (UE) -, do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre os avanços obtidos por Atenas para sair da recessão econômica.
Mas a reunião dos inspetores com o ministro de Finanças gregos, Giorgos Papakonstantinou, se prolongou mais do que o esperado, durante sete horas, e por isso a apresentação foi adiada para esta quinta-feira.
Na reunião de hoje, os analistas se centraram no progresso dos planos para redução radical dos gastos econômicos a partir de setembro.
Além disso, "apresentaram ao Governo um ultimato" até a próxima inspeção, prevista para outubro, para que Atenas cumpra com determinadas privatizações. Caso contrário, estaria em risco o terceiro lance da ajuda, a ser desembolsado em dezembro.
Os inspetores pressionaram sobretudo pela privatização dos setores de ferrovias e energia e pela liberalização de profissões 'fechadas', como advogados, tabeliões e engenheiros, assinalaram as fontes.
As principais dificuldades das negociações "parecem ocorrer devido ao tema da Corporação Pública de Eletricidade", pois os inspetores exigem sua privatização, mas muitos membros do Governo estariam em desacordo.
Já antes da reunião, alguns deles, como a ministra de Economia e Desenvolvimento, Louka Katseli, e o titular de Transportes, Dimitris Reppas, assim como vários deputados do partido governamental, expressaram rejeição às privatizações.
Katseli defende opções alternativas, como a instituição de esquemas mistos (da empresa de eletricidade e de corporações privadas) para investir no setor energético.
Por outro lado, os analistas internacionais mostraram preocupação com o elevado número de funcionários públicos, o "desperdício" nos sistemas de saúde e seguridade social, a enorme dívida no setor ferroviário e a economia em colapso.
Também lhes preocupam a inflação generalizada e a queda da arrecadação de impostos, o que deixa aberta a possibilidade de novos cortes orçamentários.
Apesar disso, o Governo de Atenas assegura que já fez grandes cortes orçamentários, inclusive nos salários, e espera reduzir o déficit deste ano para 8,1% do Produto Interno Bruto (PIB), frente ao 13,6% registrado em 2009.
A divulgação à imprensa das exigências dos auditores internacionais já suscitou a ira de vários setores afetados por possíveis cortes.
Advogados, tabeliões, engenheiros e funcionários públicos, sobretudo os do setor energético, ressaltaram a determinação de combater firmemente os planos de liberalização do Governo.
O Executivo, que conseguiu no fim de semana passado vencer as transportadoras em uma greve que quase paralisou a Grécia pela falta de combustível, enfrenta agora os funcionários da empresa de eletricidade, que já ameaçaram "apagar a conexão" de energia, caso se tente privatizar 40% da entidade pública.
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