A Comissão Europeia afirmou que "não financia o projeto do muro", uma iniciativa que classifica como "estritamente grega" (Yannis Behrakis/Reuters)
Da Redação
Publicado em 2 de abril de 2012 às 12h13.
Bruxelas - O ministro grego de Defesa Civil, Michalis Chrisochoidis, defendeu nesta segunda-feira em Bruxelas o muro que seu país construirá na fronteira com a Turquia, via de entrada da imigração ilegal à União Europeia, porque "terá um grande valor simbólico".
A comissária europeia de Interior, Cecilia Malmstrom, afirmou em entrevista coletiva depois de se reunir com o ministro grego que a Comissão Europeia "não financia o projeto do muro", uma iniciativa que classifica como "estritamente grega" e que "não é prioritária para a UE".
Chrisochoidis afirmou que o muro, de 12 quilômetros, "começará a ser construído muito em breve e terminará em breve também". O muro é "uma solução apenas temporária e complementar, mas terá um grande valor simbólico", destacou o ministro perante a imprensa e a comissária Malmstrom.
"Queremos lançar uma mensagem às máfias de que a fronteira entre a Grécia e a Turquia já não será mais a porta de entrada da imigração ilegal à UE", acrescentou.
Atenas descarta reproduzir o mesmo tipo de barreira no Evros, outra grande porta de entrada porque "as máfias se dirigiriam então às ilhas gregas, onde há maiores riscos por se tratar de um deslocamento por mar".
Segundo os dados do próprio ministro, a cada ano 115 mil pessoas "chegam à Grécia e a maioria não são litigantes de asilo, mas imigrantes ilegais que usam a península como pedágio para entrar na UE".
A fronteira com a Turquia aumentou nos últimos meses a já alta pressão migratória "com a chegada crescente de imigrantes sírios".
Tanto o ministro como Malmstrom concordaram que a solução a longo prazo é aplicar o acordo de readmissão que a UE e a Turquia negociam (pelo qual a Turquia cooperaria na recepção dos imigrantes que fossem devolvidos).
Os 27 já chegaram a um acordo, mas é necessário que a Turquia concorde e implemente.
Atenas agradeceu o acordo de cofinanciamento da UE ao plano de ação grego para melhorar suas infraestruturas de recepção de refugiados e repatriação de imigrantes.
O ministro classificou de "crise humana" a situação em seu país, onde não existem centros de retenção suficientes para os recém-chegados.
Diferentes agências de direitos humanos destacaram que os serviços de recepção de solicitantes de asilo na Grécia não cumprem os direitos fundamentais exigíveis na UE por estarem cheios e pela falta de financiamento por culpa da crise econômica na qual o país está imerso.
No dia 8 de março, os ministros de Interior dos 27 aprovaram um plano que prevê um maior compromisso de solidariedade para participar de missões da Agência de Fronteiras Externas, o escritório de asilo europeu, e o envio de recursos e meios aos países com problemas.
A Grécia recebeu já 250 milhões do fundo para recepção de imigrantes da UE.