Barack Obama, em evento organizado pela própria Associated Press: novo escândalo para o governo do democrata (©AFP / Jim Watson)
Da Redação
Publicado em 19 de maio de 2013 às 16h14.
Nova York - O presidente e chefe-executivo da agência de notícias Associated Press, Gary Pruitt, chamou de "inconstitucional" neste domingo que os grampos nos telefones de jornalistas da empresa, feitos pelo governo dos Estados Unidos. Pruitt disse, em entrevista ao programa "Face the Nation", da CBS, que as gravações secretas conduzidas pelo Departamento de Justiça fizeram com que as fontes desejem menos falar com os jornalistas da AP.
O Departamento de Justiça tornou público dois meses de grampos das ligações telefônicas de jornalistas da AP ao enviar uma carta à AP em 10 de maio. A carta não diz o motivo dos grampos, mas promotores disseram que foi por causa de uma investigação de como a Associated Press soube do sucesso da CIA em abortar uma tentativa da Al-Qaeda de explodir um avião com destino aos EUA, em maio de 2012, antes de o fato ter sido divulgado pelo governo.
Conforme apuração feita recentemente pela correspondente do jornal O Estado de S.Paulo, Denise Chrispim Marin, os grampos foram feitos em linhas telefônicas de escritórios da AP e nos telefones celulares e residenciais de repórteres e editores em Washington, Nova York e Hartford. O alvo preferencial foi um grupo de cinco repórteres premiados pelo Pulitzer e um editor - todos envolvidos na apuração do atentado fracassado da Al-Qaeda, planejado para a época do primeiro aniversário da execução de Osama Bin Laden. O governo Obama afirmava, na época, não haver sinais de represálias da Al-Qaeda. A AP publicara a matéria em 7 de maio de 2012, depois de ter respeitado o pedido do governo para postergar sua divulgação.
O caso já se configura como um novo escândalo para o governo de Barack Obama, reconhecido como agressivo na identificação e punição de funcionários públicos responsáveis por vazamento de informações confidenciais à imprensa. A Casa Branca enfrenta outro escândalo causado pela decisão do IRS, a Receita Federal americana, de colocar na "malha fina" organizações conservadoras como o Tea Party antes das eleições do ano passado. As informações são da Associated Press.