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Grã-Bretanha prepara última homenagem à Dama de Ferro

A cerimônia de homenagem à Baronesa Thatcher, seu título oficial, tem provocado um intenso debate permeado por polêmicas


	Bandeira a meio mastro no Parlamento após a morte de Margaret Thatcher: o primeiro-ministro conservador, David Cameron, assistirá à cerimônia de despedida ao lado de inúmeras personalidades políticas.
 (Reuters)

Bandeira a meio mastro no Parlamento após a morte de Margaret Thatcher: o primeiro-ministro conservador, David Cameron, assistirá à cerimônia de despedida ao lado de inúmeras personalidades políticas. (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 9 de abril de 2013 às 14h29.

Londres - O Reino Unido se preparava, nesta terça-feira, para prestar a última homenagem a Margaret Thatcher, cuja morte imediatamente reacendeu a polêmica sobre seu legado e sobre que tipo de funeral deveria ser realizado na próxima semana.

Os restos da "Dama de Ferro" deixaram discretamente durante a noite o hotel Ritz de Londres, onde a ex-primeira-ministra britânica morreu na manhã de segunda-feira, aos 87 anos, em consequência de um acidente vascular cerebral.

Thatcher passou seus últimos meses nesse hotel, afligida pelo Mal de Alzheimer.

Seu funeral acontecerá na próxima quarta-feira. Mas a cerimônia de homenagem à Baronesa Thatcher, seu título oficial, tem provocado um intenso debate permeado por polêmicas.

Muito ou pouco? O governo decidiu que a primeira mulher a governar o Reino Unido receberá honras militares na Catedral de São Paulo, após uma procissão entre Westminster e a igreja. O "funeral cerimonial", segundo a terminologia oficial, será como o organizado para a princesa Diana e a Rainha Mãe Elizabeth.

O primeiro-ministro conservador, David Cameron, assistirá à cerimônia ao lado de inúmeras personalidades políticas. A rainha, que mantinha uma relação de amor e ódio com a locatária de Downing Street, também estará presente, ao lado de seu marido o duque de Edimburgo.

Mas Margaret Thatcher não terá um funeral de Estado, reservado a monarcas e várias figuras importantes da vida pública britânica, muitas vezes ex-primeiros-ministros.


"Seria um insulto à história recusar esta honra" à "mulher que salvou a Grã-Bretanha", declarou o editorialista do jornal Daily Mail, que lançou uma campanha. "Ela chegou ao poder quando o país estava em ruínas no plano econômico e o transformou em uma potência mundial."

Deputados conservadores também passaram a defender a causa de um funeral de Estado no Twitter.

Mas na web, os pedidos se multiplicam para exigir que os contribuintes apoiem a "privatização" do funeral da mulher que assaltou o Estado de bem-estar social.

"Como prestaremos homenagem? Privatizaremos seu funeral, lançaremos uma licitação e escolheremos o mais barato", ironizou o cineasta Ken Loach.

"A melhor maneira de prestar homenagem a Maggie seria realizar seu funeral na China", brincou um internauta.

O Daily Mirror também começou a sondar seus leitores para saber se era normal conceder o mesmo funeral da princesa Diana à "mulher que dividiu a nação", estimando em 8 milhões de libras o custo desta cerimônia, que seriam pagos em parte pelo Estado e em parte pela família.

De acordo com seu porta-voz Tim Bell, a "Dama de Ferro" não gostaria de um funeral de Estado, "mais do que sua família". Ela não queria que seu corpo fosse exposto publicamente, nem um "desfile aéreo", porque esta rígida liberal "acreditava que tais gastos são um desperdício de dinheiro."

Já o Parlamento decidiu interromper suas férias para saudar a memória da ex-primeira-ministra.


Deputados e membros da Câmara dos Lordes se reunirão a partir das 14h30 de quarta-feira. Eles devem decidir sobre uma moção de homenagem apresentada pelo governo, um tributo que pode provocar novas discussões acaloradas.

Enquanto uma parte do país chora a perda de "uma grande líder", várias centenas de pessoas desceram às ruas segunda-feira à noite em Londres, Glasgow e Bristol, para comemorar a morte da "Dama de Ferro", acusada de ter sacrificado a indústria britânica ao fechar as minas de carvão, de ter sufocado os sindicatos e de ter sido intransigente em relação ao IRA (Exército Republicano Irlandês).

Em Bristol (sudoeste), seis policiais ficaram feridos.

Reflexo desta ambivalência de opinião, uma pesquisa publicada pelo jornal The Guardian apontava que 50% dos britânicos consultados após sua morte consideravam positivo o seu legado ao país, contra 34% de opiniões contrárias.

Quase dois terços das 965 pessoas entrevistadas acreditam que ela havia contribuído para a evolução das mentalidades sobre o papel das mulheres na sociedade.

A imprensa internacional também se mostrou dividida quanto ao verdadeiro rosto do thatcherismo, insistindo nas derrotas "severas" do ultraliberalismo ou saudando a dirigente inflexível que "salvou" e economia britânica.

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