O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro: país vive crise política em razão da disputa de poder entre Maduro e Juan Guaidó (Contributor/Bloomberg/Getty Images)
Gabriela Ruic
Publicado em 5 de fevereiro de 2019 às 12h51.
São Paulo – A Venezuela é alvo de uma guerra psicológica armada pelo “imperialismo” dos Estados Unidos e “governos de elite” da Europa e América Latina, disse Nicolás Maduro. Essa campanha, continuou Maduro, tem como objetivo “criar pânico e medo sobre uma possível invasão”. “Ninguém entrará na Venezuela, nenhum soldado invasor, independentemente de onde venha”, continuou o chavista em comunicado oficial divulgado nesta terça-feira, 5.
Maduro repercutiu também as manifestações recentes do Grupo de Lima sobre a situação no país. Ontem 4 de fevereiro, o grupo formado por chanceleres de 13 países se comprometeu a não considerar uma alternativa militar para a crise e pediu o aumento da pressão econômica contra o seu governo. Embora membro do grupo, o México não participou do encontro, que aconteceu no Canadá.
“É um comunicado mais louco que o outro”, ironizou Maduro, “conseguiram se autodestruir moralmente”. O presidente da Venezuela disse, ainda, que é a primeira vez que vê a imposição de uma “visão ideológica da política internacional”.
“Se há um governo de esquerda ou de direita, qualquer governo tem o desafio de ver o mundo em sua diversidade e manter relações de Estado para Estado, passando por cima de qualquer diferença ideológica, política, religiosa ou cultural”. Para o chavista, o Grupo de Lima conduz uma “perseguição ideológica”.
A crise na Venezuela ganhou um novo capítulo em 2019 com a disputa entre o presidente Nicolás Maduro e o autodeclarado presidente interino Juan Guaidó não parece ter data para acabar. No centro da confusão, estão as eleições presidenciais de 2018, que deram a vitória Maduro, mas que foram alvo de acusações de fraudes e irregularidades.
No início de janeiro de 2019, Maduro tomou posse para um novo mandato sob protestos da oposição. Líder da Assembleia Nacional da Venezuela, braço legislativo do governo venezuelano, Guaidó se declarou presidente interino do país com a promessa de realizar novas eleições.
O político logo recebeu apoio de vários países, entre Estados Unidos, Brasil e membros da União Europeia. Nesta semana, militares de alta patente das forças armadas do país também se manifestarem em sua defesa.
Maduro, por sua vez, não dá sinais de que convocará novas eleições presidenciais, apesar da pressão internacional e interna, uma vez que o país está arruinado do ponto de vista econômico e humanitário.
Apoiado por Rússia, a China e a Turquia, além de Cuba, Bolívia, Irã e Sérvia, o chavista vem falando em retomar o diálogo com a oposição e seu único movimento no sentido de convocar um novo pleito foi sugerir a antecipação de eleições parlamentares.