O incidente de hoje acontece depois que, na segunda-feira, cinco presos acusados de estupros e outros atos contra menores foram assassinados (Andrew Bardwell/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 3 de janeiro de 2012 às 22h20.
Caracas - A ministra do Sistema Penitenciário da Venezuela, Iris Varela, confirmou nesta terça-feira que 955 familiares de presos de duas prisões próximas a Caracas se autosequestraram para protestar pelos atrasos em seus julgamentos e advertiu que não cederá às medidas de pressão.
'Há 800 mulheres com 150 crianças e adolescentes e cinco homens também, que entraram no pernoite e ficaram, então podemos dizer que é uma situação de autosequestro', disse Iris ao canal estatal 'VTV'
Mais cedo, duas organizações defensoras dos direitos humanos informaram à Agência Efe que cerca de mil familiares de presos das prisões Yare I e Yare II estavam retidos por réus que protestam pela demora em seus julgamentos, mas esclareceram que não se tratava de um 'sequestro completo'.
'É uma situação voluntária', reiterou Iris, acrescentando 'essa não é a maneira correta de pressionar'.
Além disso, anunciou aos internos e familiares envolvidos no conflito que usaram o autosequestro como método para solicitar uma entrevista à ministra que 'por esta via' não conversará com eles.
A funcionária declarou ainda que as ONGs que fazem denúncias sobre a situação crítica das prisões são 'financiadas pela CIA' (agência de inteligência americana).
Desde que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, criou no último dia 26 de julho o Ministério do Serviço Penitenciário, Varela visitou todas as prisões do país para conhecer a situação judicial dos internos e elaborar medidas substitutivas à prisão.
O incidente de hoje acontece depois que, na segunda-feira, cinco presos acusados de estupros e outros atos contra menores foram assassinados em suas celas por seus companheiros em uma prisão do estado de Táchira.
O diretor da ONG Observatório Venezuelano de Prisões, Humberto Prado, informou que de 1º de janeiro até 30 de outubro de 2011 foram contabilizados 487 presos mortos nas prisões e centros de detenção do país.
Segundo Prado, desde 1999, ano no qual Chávez iniciou seu primeiro mandato, e até 2010, aconteceram 4.506 mortes dentro dos presídios do país.
O sistema penitenciário venezuelano está imerso em uma grave crise causada pelo atraso processual e a aglomeração que afeta as 34 prisões do país, que abrigam 44.520 presos embora não tenham capacidade para mais de 14.500 pessoas. EFE